Inteligência Artificial

Microsoft oferece US$ 5 mil a autores para usar livros no treinamento de IA

Valor e falta de transparência levantam debate sobre remuneração justa

Ramana Rech
Ramana Rech

Redatora

Publicado em 10 de fevereiro de 2025 às 16h15.

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A Microsoft tem abordado autores para obter permissão de uso de seus livros no treinamento de inteligência artificial, oferecendo pagamentos fixos em contratos pouco detalhados. A escritora Alice Robb, autora de Why We Dream, revelou em artigo para a Bloomberg que recebeu uma proposta da empresa, via sua editora, no valor de US$ 5 mil – quantia a ser dividida igualmente entre ela e a editora – para que sua obra fosse utilizada na construção de modelos de IA.

Embora haja um consenso crescente de que criadores de propriedade intelectual devem ser remunerados pelo uso de seus trabalhos por IA, ainda há incertezas sobre valores justos e impactos futuros desses acordos. Robb destacou que a inteligência artificial já havia acessado conteúdos seus disponíveis na internet antes de qualquer oferta financeira ser feita. No final, aceitou o contrato, mas questionou a transparência do processo.

O contrato apresentado não era negociável e levantava mais dúvidas do que respostas, segundo Robb. Não estava claro, por exemplo, o significado prático da cláusula que estabelecia o vencimento da licença em 2028. Além disso, a autora ponderou se os US$ 5 mil oferecidos seriam sua única oportunidade de monetizar os direitos autorais do livro.

Estratégia atinge autores menos rentáveis

A economista Emily Oster, professora da Universidade de Brown, apontou que o modelo de remuneração adotado pela Microsoft pode estar mirando principalmente autores cujas obras já não geram royalties significativos. Diante das incertezas da carreira literária, muitos podem acabar aceitando propostas sem terem plena compreensão de suas implicações a longo prazo.

“Eles estão tentando estabelecer a ideia de que os direitos para treinar IA com livros valem US$ 5.000. Você não pode fazer isso com os best-sellers mais recentes. Então, fazem isso com livros de catálogo – de autores que não estão recebendo royalties – e dizem: ‘Olha, você gostaria de ganhar dinheiro de graça?’”, analisou Oster.

A Microsoft, uma das principais investidoras da OpenAI, empresa responsável pelo ChatGPT, ainda não detalhou como estabelece os valores pagos a autores e quais os limites da licença concedida. O caso reforça a crescente discussão sobre o impacto da IA na indústria editorial e os direitos dos criadores de conteúdo.

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