Inteligência Artificial

Microsoft e OpenAI reestruturam parceria em acordo de US$ 135 bilhões

Sob os termos do novo acordo, a Microsoft terá acesso à tecnologia da startup de inteligência artificial até 2032, incluindo modelos que alcançaram o marco da inteligência geral artificial (AGI)

Sam Altman: CEO da OpenAI (Justin Sullivan/Getty Images)

Sam Altman: CEO da OpenAI (Justin Sullivan/Getty Images)

Publicado em 28 de outubro de 2025 às 10h41.

A Microsoft (MSFT) anunciou uma redução na participação da empresa na OpenAI, do ChatGPT, para 27%, avaliada em cerca de US$ 135 bilhões, nesta terça-feira, 28. Anteriormente, a empresa tinha uma fatia de 32,5% no braço lucrativo da gigante de inteligência artificial (IA).

Sob os termos do novo acordo, a Microsoft terá acesso à tecnologia da startup de inteligência artificial até 2032, incluindo modelos que alcançaram o marco da inteligência geral artificial (AGI).

Com a nova decisão, a Microsoft não terá mais o direito de preferência sobre a computação da OpenAI, embora a startup tenha assumido um compromisso adicional de US$ 250 bilhões para comprar serviços da Azure.

"À medida que avançamos para o próximo capítulo da nossa parceria, ambas as empresas estão melhor posicionadas do que nunca para continuar a desenvolver excelentes produtos que atendam às necessidades do mundo real e criem novas oportunidades para todos e para todos os negócios", afirmaram as empresas em comunicado divulgado no blog da Microsoft.

O acordo gerou uma reação positiva no mercado. Às 10h34, no horário de Brasília, as ações da Microsoft subiam cerca de 4%.

Parceria de longa data

A OpenAI e a Microsoft já são parceiras há anos.

Em seu último relatório anual, a Microsoft relatou perdas de US$ 4,7 bilhões que envolviam a OpenAI e outros gastos, sem dar detalhes de qual era exatamente a participação da gigante de IA nesses prejuízos. A gigante de Redmond divulga resultados nesta quarta-feira, 29, o que deixa o mercado na expectativa de saber mais informações sobre o peso financeiro da parceria.

A falta de transparência da Microsoft foi alvo de críticas, especialmente após o crescimento significativo da OpenAI, que atingiu uma avaliação de US$ 500 bilhões após uma venda secundária de ações, se tornando a startup mais valiosa do mundo.

Um relatório do Morgan Stanley criticou a falta de informações sobre a OpenAI, o que impede os investidores de avaliar corretamente o risco associado ao investimento.

A preocupação dos analistas é que, caso a OpenAI continue a registrar prejuízos, isso possa impactar negativamente a Microsoft, já que a empresa não contabiliza os lucros da OpenAI diretamente, mas sim reduz o valor contábil de sua participação proporcional nos prejuízos da startup.

Sem lucro até quando?

Em julho deste ano, em sua primeira análise de uma empresa privada na história, o JP Morgan (JPM) afirmou que a dona do ChatGPT, pode consumir até US$ 46 bilhões nos próximos quatro anos, diante da crescente competição por talentos e investimentos em pesquisa e novos produtos.

Apesar dos gastos elevados, a instituição considera esse nível de queima de caixa como "sustentável". Ainda assim, a rentabilidade não é esperada antes de 2029, o que poderá testar a paciência dos investidores diante do que o banco chamou de vibe spending — ou gastos impulsionados mais por otimismo do que por retorno financeiro imediato.

Apesar das vantagens, o banco alerta para um risco crescente: a diferenciação técnica entre modelos de IA está diminuindo. Para o JPMorgan, a superioridade dos sistemas da OpenAI é uma "trincheira frágil", já que rivais conseguem alcançar avanços semelhantes em ritmo acelerado.

“Ter o melhor modelo de IA não é, por si só, um diferencial duradouro”, escreveram os analistas Brenda Duverce e Lula Sheena. Eles avaliam que a empresa precisa diversificar suas vantagens competitivas além da performance dos modelos.

Segundo o relatório, o mercado potencial da OpenAI pode ultrapassar US$ 700 bilhões até 2030, considerando receitas com agentes de IA, publicidade, assinaturas e dispositivos. Ainda assim, o sucesso dependerá da capacidade da empresa em converter sua base massiva de usuários em lucros — e em manter a liderança tecnológica frente a uma concorrência cada vez mais agressiva.

OpenAI sem fins lucrativos

O anúncio vem junto a uma recapitalização da OpenAI. A organização sem fins lucrativos, agora chamada OpenAI Foundation, concluiu a reestruturação que simplifica sua estrutura e reforça seu controle sobre a divisão lucrativa da empresa, que está avaliada em US$ 130 bilhões.

Com isso, a fundação tem acesso direto a recursos significativos para cumprir sua missão de garantir que a AGI beneficie toda a humanidade.

A fundação investirá inicialmente US$ 25 bilhões em duas áreas: saúde, acelerando descobertas médicas e tratamentos, e soluções técnicas para garantir a resiliência da IA. Isso inclui o desenvolvimento de tecnologias que maximizem os benefícios da IA enquanto minimizam seus riscos.

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