Em um novo artigo técnico, a Apple acendeu um alerta sobre os limites reais da chamada superinteligência artificial. O documento analisa o desempenho dos chamados Large Reasoning Models (LRMs) — uma evolução dos modelos de linguagem que geram raciocínios passo a passo antes de responder perguntas complexas.
Apesar de parecerem mais sofisticados, os LRMs entram em colapso total quando submetidos a tarefas de alta complexidade lógica, segundo a pesquisa. O estudo indica que, à medida que os problemas se tornam mais difíceis, esses modelos diminuem seus esforços de raciocínio, mesmo quando possuem recursos computacionais suficientes.
A Apple utilizou ambientes controlados de quebra-cabeças para testar as capacidades dos LRMs e os comparou com modelos tradicionais de linguagem. O resultado revelou três padrões: modelos simples vencem em tarefas fáceis, os LRMs levam vantagem em desafios médios, mas ambos falham em níveis elevados de complexidade.
Os modelos da nova geração também mostraram falhas ao executar algoritmos básicos e inconsistência lógica mesmo com raciocínio explícito. A Apple afirma que essas limitações indicam que ainda não se compreende totalmente como esses sistemas “pensam”.
Meta aposta bilhões para criar uma IA acima da capacidade humana
Enquanto a Apple analisa os limites, a Meta caminha na direção oposta. A empresa anunciou a criação de um laboratório exclusivo para desenvolver uma IA que vá além da inteligência humana — um sistema de superinteligência artificial (ASI).
Segundo o New York Times, o projeto é parte de uma estratégia agressiva da Meta para liderar a próxima onda de inovação em inteligência artificial, após perder terreno com o avanço do ChatGPT e concorrentes como OpenAI e Google.
A superinteligência, diferentemente da IA geral, busca superar em vez de apenas replicar a cognição humana. A Meta pretende alcançar esse nível por meio de autoaperfeiçoamento recursivo, em que a IA se aprimora sozinha, gerando avanços exponenciais.
Para acelerar o projeto, a Meta está investindo pesadamente em talentos, infraestrutura e parcerias estratégicas. A empresa já contratou o CEO da Scale AI e planeja investir até US$ 10 bilhões na startup, além de destinar US$ 65 bilhões em 2025 para gastos com infraestrutura e processamento avançado.
A aposta inclui a expansão da família de modelos Llama e a criação de centros de dados para suportar o processamento de sistemas ultra complexos.
O movimento da Meta contrasta com o alerta técnico da Apple: enquanto uma gigante investe na criação de um cérebro artificial superior ao humano, a outra aponta que os sistemas atuais ainda estão longe de entender e processar raciocínios como os nossos. O futuro da superinteligência continua em aberto entre a ambição de um e a cautela de outro.
Um alerta para a Apple
O desempenho abaixo do esperado da Apple em 2025 acendeu um alerta entre analistas e investidores. Com queda de quase 20% nas ações no ano, a empresa tornou-se a mais penalizada entre as gigantes de tecnologia, reflexo do ceticismo crescente sobre sua atuação na nova fase da inteligência artificial.
A expectativa do mercado gira em torno de movimentos mais ousados da Apple em IA, especialmente após a decepção com o Apple Intelligence e a estagnação da assistente Siri, que teve sua atualização adiada. Enquanto rivais como Meta, Google e startups aceleram lançamentos de dispositivos nativos de IA, como smart glasses e wearables com interfaces de voz, a Apple permanece sem apresentar um produto transformador no setor.
Analistas apontam que o sucesso da Apple nas últimas décadas veio da sua capacidade de reinventar formatos e ditar tendências com dispositivos como o iPhone, o iPad e o iPod. Hoje, o setor espera que a empresa repita essa fórmula na era da inteligência artificial embarcada — mas os sinais ainda são tímidos.
O mercado vê a falta de ousadia como risco real de perda de protagonismo tecnológico. Para especialistas como Craig Moffett, da MoffettNathanson, o momento exige disrupção e não apenas melhorias incrementais. Bancos como Goldman Sachs e Bank of America mantêm recomendação de compra das ações, mas alertam que a Apple precisa reagir com mais velocidade e ambição.
Sem uma proposta sólida e inovadora em IA, a Apple corre o risco de repetir erros de gigantes como a Nokia, que perderam espaço por não se adaptarem a tempo às mudanças tecnológicas. A revolução da IA já está em curso — e o mercado aguarda a resposta da Apple.