Inteligência Artificial

Meta cria "sala de crise" para avaliar impacto da IA chinesa DeepSeek

Diretoria da empresa estaria preocupada em justificar gastos massivos com infraestutura de IA frente ao novo rival que afirma custar até 95% menos para funcionar

Mark Zuckerberg: CEO da Meta  (Brendan SmiaiowskiI/AFP/Getty Images)

Mark Zuckerberg: CEO da Meta (Brendan SmiaiowskiI/AFP/Getty Images)

Ramana Rech
Ramana Rech

Redatora

Publicado em 27 de janeiro de 2025 às 15h12.

Última atualização em 27 de janeiro de 2025 às 18h18.

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A startup chinesa DeepSeek se torno centro das conversas no Vale do Silício com o lançamento de seu modelo de inteligência artificial DeepSeek R1, que desbancou em downloads concorrentes de peso como OpenAI e Meta. Um post anônimo, atribuído a um funcionário da Meta, revelou que a empresa está em "modo crise" tentando reagir aos avanços do modelo chinês.

Segundo o relato publicado no Team Blind, uma plataforma de compartilhamento anônimo para profissionais de tecnologia, os engenheiros da Meta estariam "freneticamente tentando dissecar o DeepSeek e copiar tudo o que for possível". A preocupação teria aumentado com o desempenho do DeepSeek V3, que já havia superado o Llama 4, modelo de linguagem mais avançado da Meta.

O autor do post também mencionou que a chegada do DeepSeek R1, lançado este ano, tornou a situação mais crítica. "Não posso revelar informação confidencial, mas isso será público em breve", afirmou.

Especialistas apontam que o modelo chinês já supera soluções como o ChatGPT 01, oferecendo performance semelhante, porém com custos reduzidos entre 3% e 5% do valor operacional dos modelos líderes do mercado.

IA da DeepSeek supera ChatGPT em downloads nos EUA

A DeepSeek não apenas tem impressionado em benchmarks de desempenho, mas também em adoção por usuários. Nos EUA, a assistente de inteligência artificial da startup superou o ChatGPT, da OpenAI, em downloads em iPhones nesta semana.

Esse movimento reforça a ascensão da DeepSeek em mercados estratégicos, anteriormente dominados por empresas do Vale do Silício.

O avanço da DeepSeek também reacendeu o debate sobre a eficácia de sanções tecnológicas. Em 2023, o ex-presidente dos EUA, Joe Biden, restringiu a exportação de GPUs, componentes essenciais para treinamentos avançados de IA, para a China.

No entanto, a DeepSeek conseguiu desenvolver soluções que demandam menor capacidade computacional, levantando dúvidas sobre o impacto das medidas norte-americanas.

Além disso, a abordagem de código aberto da DeepSeek R1 permite que pequenas empresas e organizações acessem tecnologias de ponta sem depender de modelos proprietários, como os oferecidos pela OpenAI e pela Meta. Isso ameaça não apenas o domínio técnico dessas gigantes, mas também seus modelos de negócios baseados em serviços pagos de IA generativa.

Impacto no mercado financeiro

O sucesso da DeepSeek já gerou reflexos nas bolsas de valores. O índice Nasdaq, que concentra empresas de tecnologia, recuou 3,4% por volta das 11h, horário de Brasília. A Nvidia, uma das maiores fornecedoras de hardware para inteligência artificial, sofreu queda de 12% em suas ações, resultando na perda de mais de US$ 300 bilhões em valor de mercado, marcando a maior desvalorização já registrada por uma única empresa.

Outras big techs também sentiram os efeitos: as ações da Meta caíram 3,4% no pré-mercado, enquanto as da Microsoft recuaram 4,63%.

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