Inteligência Artificial

Meta abraça o desafio de emplacar o conceito de óculos inteligentes (de uma vez por todas)

Parceria com a Ray-Ban traz design clássico da gigante de óculos, e preocupações bem vintages com privacidade

Óculos com câmeras integradas da Meta: campanha publicitária tenta nova roupagem para o dispositivo  (Ray-Ban/Divulgação)

Óculos com câmeras integradas da Meta: campanha publicitária tenta nova roupagem para o dispositivo (Ray-Ban/Divulgação)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 18 de dezembro de 2023 às 14h02.

A Meta está empenhada em transformar 2024 no ano dos "smart glasses". Lançado recentemente em parceria com a americana Ray-Ban, o óculos inteligente Ray-Ban Meta é a mais nova promessa da gigante de tecnologia para o futuro das transmissões ao vivo e até do uso de inteligência artificial generativa (IA).

Os "computadores portáteis", como dizem as empresas, poderão eventualmente mudar a forma como vivemos e trabalhamos. Já é possível assistir vídeos e acompanhar reuniões só pelas lentes do óculos, e o comando de voz da Meta permite tirar dúvidas e até traduzir textos que estão presentes no espaço físico.

Mas a inovação também levanta riscos de segurança: pode se tornar corriqueiro estar em uma academia ou no metrô, por exemplo, e ver alguém olhar para você enquanto a lateral do óculos dela pisca uma luz. Isso porque a Meta projetou o óculos com uma luz LED embutida na moldura, que acende quando uma imagem ou vídeo está sendo registrado.

A empresa afirma que não será possível tapá-la com fita adesiva para esconder a luminosidade. Para a empresa de Mark Zuckerberg, "privacidade" foi uma das prioridades na hora do desenvolvimento da tecnologia, mas ainda não existe fita que possa impedir que um conteúdo seja gravado sem o consentimento de alguém.

Na tentativa de promover qualquer sensação de segurança, a Meta tem uma página dedicada aos "bons costumes" que usuários dos óculos inteligentes devem ter. Entre eles, estão conselhos como "desligue em espaços fechados, como uma consulta no médico ou o banheiro público"; "mostre aos outros como a luz LED funciona"; "ative a transmissão pelo comando de voz para que as pessoas saibam que você está gravando" e o último, mas não menos importante, "obedeça à lei".

“Sabemos que se quisermos normalizar os óculos inteligentes na vida cotidiana, a privacidade deve estar em primeiro lugar e ser integrada em tudo o que fazemos”, disse a empresa. Mas a luz é quase como um parodoxo embutido na moldura: ela age como um alerta, enquanto se mantém discreta para priorizar o design elegante. É difícil acreditar que ela será eficaz em proteger qualquer pessoa de algo, mas, para descobrirmos, o óculos inteligente precisa ser mais amplamente utilizado.

Mercado de fracassos

O Google, por exemplo, já se arriscou no mercado de óculos inteligentes com o Google Glass, e não obteve sucesso. O item foi descontinuado oficialmente em setembro de 2023, mas chegou ao mercado dez anos antes.

Desde o começo, ele recebeu resistência do público: preocupações em torno da privacidade, além do custo de US$ 1.500 e o design questionável, afastaram o consumidor dos óculos inteligentes. Três anos depois, o Snapchat tentou o mesmo com o Spectacles, e fracassou pelos mesmos três motivos: privacidade, custo e vestibilidade.

Ironicamente, pode ser o TikTok que faça os óculos inteligentes terem sucesso. As postagens não incluem aviso de anúncio, então não há como saber definitivamente se o vídeo é orgânico ou uma parceria com a Meta. Acidentalmente ou não, influenciadores estão criando propagandas perfeitas para a empresa.

Os vídeos mostram jovens atraentes, dançando e fazendo os jogos de câmera que são clássicos do app chinês. Somente um deles chegou a ultrapassar 100 milhões de visualizações. Muitas vezes, o vídeo começa em um espelho para ficar claro que a gravação está sendo feito sem as mãos, um detalhe que evidencia o potencial do óculos na vida do criador de conteúdo. "Essa 'trend' pode ser o que vai tornar óculos inteligentes legais e relevantes de vez", escreveu uma usuária do X, antigo Twitter.

@kikakiim

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Como é o óculos inteligente da Meta?

Apesar das ressalvas sobre privacidade e os fracassos da competição, o óculos Meta Ray-Ban é um avanço no quesito de design. Enquanto os Spectacles e o Google Glass eram visualmente um item tecnológico, o design do óculos clássico da Ray-Ban faz com que o item pareça algo que combina com o resto do guarda-roupa.

Óculos de sol Spectacles do Snapchat

Câmeras na frente do óculos de sol inteligente do Snapchat, o Spectacles, afastam o consumidor que se importa com design (Divulgação/Snapchat)

Com preço na faixa dos US$ 300, os óculos inteligentes Meta Ray-Ban têm até quatro horas de duração de bateria e podem ser carregados em um estojo de carregamento portátil, cujo design é exato ao de um estojo de óculos comum.

Ele também conta com câmera de 12MP e cinco microfones, que permitem as transmissões ao vivo no Instagram e Facebook. Já os alto-falantes são "discretos", segundo a empresa, com áudio direcionado para quem usa o óculos.

Através do comando de voz "Oi, Meta", quem usa o óculos pode ligar para pessoas, enviar mensagens e tirar dúvidas com a IA.

Tudo está conectado ao app Meta-Rayban, que deve ser instalado no smartphone do usuário. Mas, por enquanto, os óculos inteligentes não estão à venda no Brasil.

Mark Zuckerberg publicou vídeos em seu Instagram para divulgar alguns jeitos de usar o óculos. Em um, ele pede para o óculos traduzir uma imagem em espanhol na sua frente. Noutro, ele mostra uma camisa para o óculos e pede para ele dar sugestões de calças que combinam.

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