Inteligência Artificial

IAs podem derrubar a internet? Anthropic debate papel da IA em grandes ataques cibernéticos

Interrupção em serviços nesta terça-feira, 18, expõe fragilidade da infraestrutura digital e coincide com alerta da Anthropic sobre ataque automatizado com IA

Dario Amodei, CEO da Anthropic  (Getty Images)

Dario Amodei, CEO da Anthropic (Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 18 de novembro de 2025 às 11h45.

Última atualização em 18 de novembro de 2025 às 11h50.

A falha que tirou do ar centenas de serviços globais nesta terça-feira, 18, após tráfego atípico ser detectado na rede da Cloudflare, ocorreu dias após a divulgação de um alerta inédito: um ataque cibernético conduzido quase inteiramente por inteligência artificial, sem intervenção humana.

Embora a Cloudflare ainda não tenha atribuído causa definitiva à instabilidade, a empresa relatou ao site The Verge que, por volta das 6h20 (horário da costa leste dos EUA), identificou um “pico de tráfego incomum” direcionado a um de seus serviços. “Estamos com toda a equipe mobilizada para garantir que o tráfego seja servido sem erros”, disse a porta-voz Jackie Dutton.

A origem do pico ainda é desconhecida, mas a coincidência temporal e técnica ocorre em meio à crescente preocupação com o uso de IA para automatizar ataques de forma massiva.

Na semana passada, a Anthropic, criadora do modelo Claude, revelou que um grupo ligado ao governo chinês teria manipulado sua IA para invadir de forma autonoma redes de 30 entidades em setembro, entre órgãos públicos e instituições financeiras.

IA cada vez mais independente: riscos reais ou marketing exagerado?

O caso relatado pela Anthropic representa, segundo a empresa, o “primeiro ataque cibernético em larga escala executado majoritariamente por uma IA, sem humanos no comando direto da operação”.

Estima-se que entre 80% e 90% das ações tenham sido realizadas automaticamente pela ferramenta Claude Code.

Apesar de admitir falhas na execução — como a criação de informações falsas e acessos redundantes a dados públicos, o relatório levanta uma preocupação central: a velocidade com que modelos de IA estão ganhando autonomia suficiente para realizar tarefas antes restritas a agentes humanos especializados.

Críticos, como o pesquisador Michał Woźniak, contestam a gravidade do caso, chamando a ação de “automação sofisticada, não inteligência”, e acusam a Anthropic de buscar hype em torno de riscos exagerados. Ainda assim, a manipulação da IA por meio de simulações simples, como fazer Claude “atuar” como um funcionário de cibersegurança, expôs fragilidades nos mecanismos de proteção desses sistemas.

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