Arthur Mensch: CEO da Mistral comparou IA com eletricidade em termos de impacto econômico (LUDOVIC MARIN/Getty Images)
Redatora
Publicado em 24 de março de 2025 às 17h32.
O CEO da startup francesa Mistral, Arthur Mensch, comparou a inteligência artificial com a descoberta da eletricidade e disse que a IA irá impactar o PIB dos países em dois dígitos nos próximos anos, durante uma entrevista ao podcast a16z.
“Isso significa, do ponto de vista econômico, que todos os países precisam se preocupar com isso, porque se eles não conseguirem instalar uma infraestrutura para ter suas próprias capacidades soberanas no lugar certo, significa que esse dinheiro pode ir para outros países. Então, isso está mudando o equilíbrio econômico do mundo”, analisou.Ele destacou que a IA pode ser usada em vários setores da economia, como serviço, agricultura, e defesa. “É muito natural que qualquer estado faça disso uma prioridade”, comentou.
De acordo com Mensch, o cenário é similar ao de quando surgiu a eletricidade, em que se os países não tivessem sua própria estrutura para produzir energia elétrica terão de comprar de outros países.
Mas um aspecto importante para a soberania em IA que não havia no caso da energia elétrica é de desenvolver o talento de forma local, ressalta Mensch. “Em contraste com a eletricidade, essa é uma tecnologia de produção de conteúdo”, explica. Uma vez que IA pode gerar imagens, áudios e textos, o que a torna um “construtor social”, capaz de carregar os valores de um país ou de uma empresa.
A Mistral foi responsável por lançar o chatbot com IA LeChat, que chegou a marca de 1 milhão de downloads em sistemas iOS e Android, no fim de fevereiro.
A soberania com IA tem se tornado uma preocupação crescente da Europa, que arrisca ficar para trás no desenvolvimento da tecnologia. Em fevereiro, companhias e institutos de pesquisa europeias se juntaram para formar o projeto OpenEuroLLM de código aberto.
O objetivo é melhorar a competitividade digital e soberania da Europa. O projeto diz que irá democratizar acesso a IA de alta qualidade e que irá “preservar diversidade cultural e linguística”.
Recentemente, empresas europeias também pediram à presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen, uma estratégia de política industrial da União Europeia para reduzir a dependência tecnológica do continente.