Inteligência Artificial

IA pode adicionar US$ 429 bi ao PIB do Brasil, mas ganhos dependem de qualificação de mão de obra

Cálculo considera ganhos de produtividade em diferentes setores da economia e efeito de adoção da tecnologia ao longo da próxima década

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 26 de junho de 2025 às 10h05.

Ao elevar os níveis de produtividade, a adoção da inteligência artificial pelo setor privado poderia acrescentar até US$ 429 bilhões em ganhos para a economia brasileira nos próximos treze anos. O cenário, no entanto, dependeria de um processo de requalificação e treinamento de mão de obra.

A projeção é da consultoria Accenture, que analisou o impacto da IA nas cinco maiores economias da América Latina (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México). A estimativa é de um incremento total de até US$ 1 trilhão no Produto Interno Bruto (PIB) da região, na projeção mais otimista do estudo.

Para projetar o efeito no PIB, o relatório considerou três cenários distintos de adoção da IA generativa e simulou como mudanças na composição da força de trabalho impactariam o crescimento econômico até 2038. As projeções consideram tanto o potencial de automatização das tarefas quanto a migração entre ocupações.

Na análise, a Accenture considerou mais de 19 mil tarefas ligadas a cerca de 900 famílias de ocupações em 19 setores da economia. A base metodológica se ancorou em dados estatísticos do mercado dos Estados Unidos, que foram adaptados para a América Latina.

O cenário com mais ganhos leva em consideração uma adoção da IA pelo setor privado acompanhada de estratégias estruturadas de reorganização do trabalho e de capacitação de profissionais, com implementação gradual da tecnologia em um ciclo de 10 anos. Esse quadro foi chamado de “centrado em pessoas".

O estudo também simulou dois outros cenários. No chamado “agressivo”, em que a adoção da tecnologia ocorre rapidamente, em apenas cinco anos, mas sem foco em qualificação de mão de obra, o impacto econômico seria menor, com ganhos estimados para a América Latina de cerca de US$ 200 bilhões.

Já a projeção “cautelosa” prevê uma adoção mais lenta da IA, ao longo de 15 anos, com menor reorganização do trabalho e ganhos mais modestos no PIB. Em todos os casos, o Brasil aparece como a economia com maior potencial absoluto de crescimento.

11º lugar em investimento privado em IA

O estudo indica que, no cenário agressivo, com alta adoção tecnológica e pouca preocupação com a qualificação, os ganhos se concentram nos primeiros anos e vêm acompanhados de aumento no desemprego. Já no modelo centrado nas pessoas, os impactos se diluem ao longo de uma década e vêm acompanhados de baixo deslocamento de força de trabalho.

Neste caso, a ampliação da produtividade não se dá apenas por corte de custos, mas por uma reorganização do trabalho que permite maior foco em atividades estratégicas. Daniel Lázaro, líder de Dados e IA da Accenture na América Latina, responsável pelo estudo, ressalta que os maiores ganhos projetados no estudo só poderão ser alcançados se o Brasil investir de forma consistente em capacitação.

Acompanhe tudo sobre:Inteligência artificialPIBBrasilfuturo-do-trabalho

Mais de Inteligência Artificial

Com mudança de postura dos EUA, Nvidia intensifica presença no mercado chinês de IA

Google introduz resumos gerados por IA no Discover para iOS e Android nos EUA, impactando notícias

xAI, Anthropic, Google e OpenAI fecham contrato de US$ 200 milhões cada com governo dos EUA

Governo cria nova diretoria focada em dados e IA nas políticas públicas