Mohammed bin Salman: presidente da Humain, estatal de inteligência artificial da Arábia Saudita (Getty Images)
Redator
Publicado em 25 de agosto de 2025 às 13h49.
Última atualização em 25 de agosto de 2025 às 14h19.
Principal empresa de inteligência artificial da Arábia Saudita, a estatal Humain lançou um aplicativo de IA conversacional voltado para árabes e muçulmanos, em meio à estratégia do país para se consolidar como líder regional em tecnologia.
Alimentado pelo grande modelo de linguagem (LLM) da empresa, o Allam, o Humain Chat foi desenvolvido com base em valores e patrimônio islâmicos, de acordo com um comunicado divulgado nesta segunda-feira, 25. Inicialmente disponível apenas na Arábia Saudita, o aplicativo permite conversas bilíngues em árabe e inglês, mas também reconhece múltiplos dialetos árabes, incluindo egípcio e libanês.
Segundo o CEO Tareq Amin, o lançamento é um “marco histórico na missão de construir uma IA soberana, tecnicamente avançada e culturalmente autêntica”. O desenvolvimento envolveu 120 especialistas em IA, metade deles mulheres e todos eles sauditas.
Embora seja positivo que o Allam tenha sido treinado com conjuntos de dados e salvaguardas que refletem a cultura e os valores regionais, o sistema também pode ser usado pelo governo saudita para controlar e restringir o tipo de informação disponível.Na região, o modelo concorre com o Falcon Arabic, desenvolvido por uma divisão de pesquisa do governo de Abu Dhabi.
A Humain adquiriu o Allam da Autoridade de Dados e Inteligência Artificial da Arábia Saudita (SDAIA), que desenvolvia o modelo em parceria com a IBM, absorvendo pelo menos 95 funcionários da agência neste ano.
Seu lançamento ocorre em meio a um debate global sobre o custo de criar modelos de IA avançados do zero. Embora Allam e Falcon sejam relevantes regionalmente, oferecendo resultados mais precisos em árabe e fortalecendo pesquisas locais, eles não têm como objetivo competir com modelos maiores, como o ChatGPT, da OpenAI.
Controlada pelo Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita e presidida pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, a Humain foi anunciada um dia antes da visita de Donald Trump ao país, em maio deste ano. Na ocasião, a empresa firmou parcerias para adquirir chips da Nvidia e da AMD, visando a construção de um data center de 1,9 gigawatts até 2030.
Em junho, a empresa criou uma divisão voltada para a publicidade e aos games. No futuro, a Humain planeja investir pesado em data centers, computação em nuvem, modelos de linguagem e criar um fundo de capital de risco de US$ 10 bilhões.
Embora frequentemente usados como sinônimos, especialmente no Ocidente, “árabes” e “muçulmanos” não são a mesma coisa. Árabe é quem tem origem étnica ou cultural no mundo árabe; muçulmano é quem segue a religião islâmica, independentemente da etnia ou nacionalidade.
Portanto, nem todos os árabes são muçulmanos, assim como nem todos os muçulmanos são árabes.