Inteligência Artificial

Guerra Fria da IA tem novo capítulo: um investimento bilionário da Microsoft no Golfo

Potências enxergam a região como estratégia para o futuro de investimentos envolvendo tecnologia

Microsoft dará à G42 permissão para vender seus serviços que usem chips de IA (Oliver Berg/Getty Images)

Microsoft dará à G42 permissão para vender seus serviços que usem chips de IA (Oliver Berg/Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 16 de abril de 2024 às 08h38.

A Microsoft anunciou nesta terça-feira que fará um investimento de US$ 1,5 bilhão na G42, uma gigante da inteligência artificial dos Emirados Árabes Unidos, em um acordo amplamente orquestrado pelo governo Biden para afastar a China dessa zona de influência da região do Golfo.

Segundo o New York Times, com a parceria, a Microsoft dará à G42 permissão para vender seus serviços que usem chips de IA. Em troca, a G42, que tem sido analisada por Washington por seus vínculos com a China, usará os serviços de nuvem da Microsoft e vai aderir a um acordo de segurança negociado com o governo dos EUA.

A parceria impõe uma série de proteções aos produtos de IA compartilhados com a G42 e inclui um acordo para retirar os equipamentos chineses das operações da G42.

A "Guerra Fria" entre EUA e China pela liderança na IA na região do Golfo tem um motivo. Centenas de bilhões de dólares estão jogo com país importantes, como a Arábia Saudita, querendo gastar em tecnologia e diversificar sua economia para além do petróleo.

O acordo é altamente incomum, disse Brad Smith, presidente da Microsoft, em uma entrevista, refletindo a extraordinária preocupação do governo dos EUA em proteger a propriedade intelectual por trás dos programas de IA.

"Os Estados Unidos estão naturalmente preocupados com o fato de que a tecnologia mais importante seja protegida por uma empresa americana de confiança", disse Smith, que terá um assento na diretoria da G42.

Ainda segundo o Times, o investimento poderia ajudar os Estados Unidos na guerra de influência na região do Golfo. Se a iniciativa for bem-sucedida, a G42 será incorporada aos EUA e reduzirá seus laços com a China. O acordo também pode se tornar um modelo de como as empresas americanas aproveitam sua liderança tecnológica em IA para atrair países e, ao mesmo tempo, mantê-los longe da órbita de Pequim.

Mas o assunto é delicado, pois as autoridades dos EUA levantaram questões sobre o G42. Neste ano, um comitê do Congresso escreveu uma carta solicitando que o Departamento de Comércio analisasse se a G42Ndeveria ser submetida a restrições comerciais por seus vínculos com a China, que incluem parcerias com empresas chinesas e funcionários provenientes de empresas ligadas ao governo.

Em uma entrevista, a secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, falou que seu e país tem estado no centro de um esforço para impedir que a China obtenha os semicondutores mais avançados e os equipamentos para fabricá-los - isso inclui processadores necessários para desenvolver aplicativos de IA.

Peng Xiao, executivo-chefe do grupo G42, disse que "por meio do investimento estratégico da Microsoft, estamos avançando em nossa missão de fornecer tecnologias de IA de ponta em escala".

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