O Furacão Melissa, que atingiu países caribenhos como a Jamaica, foi uma das mais potentes tempestades já registradas no Atlântico, alcançando a categoria 5 da escala Saffir-Simpson (NOAA via Getty Images)
Redator
Publicado em 17 de novembro de 2025 às 10h35.
O Furacão Melissa, que atingiu países caribenhos como a Jamaica, foi uma das mais potentes tempestades já registradas no Atlântico, alcançando a categoria 5 da escala Saffir-Simpson. Ele também foi o primeiro grande acerto público do modelo de previsão baseado em inteligência artificial do Google, desenvolvido pelo laboratório DeepMind.
Essa IA foi decisiva para que Philippe Papin, meteorologista do Centro Nacional de Furacões dos EUA, antecipasse que a então tempestade tropical se transformaria em um furacão de categoria 4 em apenas 24 horas. A previsão ousada se concretizou e pode ter contribuído para salvar vidas, dando mais tempo de preparação à população.
Lançado em junho, o sistema do DeepMind é o primeiro modelo de IA dedicado a furacões. Nas 13 tempestades atlânticas registradas em 2025 até agora, ele superou os meteorologistas humanos até mesmo em precisão de trajetória.
Diferentemente dos modelos físicos tradicionais, que exigem supercomputadores e horas de processamento, a IA do Google analisa dados em poucos minutos, com uso reduzido de recursos computacionais.
Segundo ex-meteorologistas como Michael Lowry e James Franklin, a performance do modelo impressiona e mostra que o uso de machine learning — técnica que identifica padrões em grandes volumes de dados — pode transformar a forma como eventos extremos são previstos.
Ainda assim, alertam para limitações: como outros modelos, a IA também teve complicações com a intensidade de tempestades como o furacão Erin e o tufão Kalmaegi.
Embora o DeepMind disponibilize suas previsões em tempo real em um site público, seu funcionamento interno permanece uma “caixa-preta”, diferentemente de modelos estatais abertos. Franklin defende que o Google compartilhe mais dados técnicos para ajudar meteorologistas a entenderem como a IA chega a suas conclusões.
Com o avanço da IA no setor, empresas como a WindBorne Systems já recebem até financiamento público nos EUA para desenvolver sistemas voltados a alertas antecipados de inundações e tornados, além de lançar balões meteorológicos próprios para preencher lacunas na rede de dados, reduzida durante a gestão Trump.
No Brasil, o governo investiu R$ 200 milhões para atualizar o supercomputador Tupã, em operação desde 2010 e já considerado obsoleto. O novo sistema promete ampliar a resolução dos modelos atuais e permitir a previsão de chuvas por bairro e até o momento exato em que elas vão ocorrer.