Redatora
Publicado em 22 de janeiro de 2025 às 13h49.
O filme O Brutalista, que venceu o Globo de Ouro em categorias como Melhor Filme de Drama e Melhor Diretor, levantou polêmica pelo uso de inteligência artificial para aproximar o sotaque dos atores durante diálogos em húngaro a forma de falar dos que têm esse idioma como língua materna.
O drama conta a história de um talentoso arquiteto húngaro, chamado László Toth, que chega aos Estados Unidos para escapar da pós-guerra na Europa e tenta reconstruir sua vida e seu casamento com Erzsébet.
De acordo com o editor do filme, Dávid Jancsó, em entrevista ao site Red Shark News, a produção do filme incluiu o uso criterioso de IA do especialista ucraniano "Respeecher". "Eu sou falante nativo de húngaro e sei que é uma das línguas mais difíceis de aprender e pronunciar", disse Jancsó. Ele destacou que os atores fizeram um trabalho "fabuloso, mas também queríamos aperfeiçoá-lo para que nem os locais notassem a diferença".
O casal protagonista, interpretado por Adrien Brody e Felicity Jones, topou o processo, que começou com a gravação da voz deles para alimentar a IA. Jancsó também gravou sua voz para o Respeecher com o objetivo de aprimorar o dialeto. Os ajustes foram necessários para aprimorar letras específicas.
Jancsó disse que a equipe foi cuidadosa em manter a performance e que apenas houve substituição de algumas letras. É possível fazer isso sem o uso de IA por meio do sistema ProTools de produção de áudio, mas o processo seria mais longo, já que há muitos diálogos em húngaro no filme.
Além disso, O Brutalista utilizou IA generativa ao final para criar uma série de desenhos arquitetônicos e edifícios finalizados no estilo do arquiteto fictício.
Na visão de Jancsó, não deveria ser controverso para a indústria falar sobre IA. "Nós deveríamos estar tendo uma discussão muito aberta sobre quais ferramentas a IA pode nos fornecer. Não há nada no filme que use IA que não havia sido feito antes. Isso apenas torna o processo muito mais rápido. Nós usamos IA para criar esses pequenos detalhes que não tínhamos dinheiro ou tempo para filmar", analisou.
O filme Emilia Peréz, também utilizou IA para aprimorar o canto da atriz Karla Sofía Gascón, que interpreta Emilia Peréz.
Outras produções, porém, tomaram uma guinada anti-IA. O filme de terror Herege, estrelado pelo ator Hugh Grant, incluiu em seus créditos a mensagem: "Nenhuma IA generativa foi usada na produção desse filme", conforme reportou o The Guardian.