Maior sistema universitário público dos Estados Unidos, CSU conta com cerca de 460 mil estudantes (Getty Images)
Redator
Publicado em 27 de outubro de 2025 às 11h26.
Em fevereiro deste ano, a Universidade Estadual da Califórnia (CSU), maior sistema universitário público dos Estados Unidos, com cerca de 460 mil estudantes, lançou uma iniciativa para ser a primeira do país a integrar em larga escala a inteligência artificial ao ensino, pesquisa e gestão acadêmica.
Esse projeto envolve empresas como Amazon, Google, IBM, Microsoft, Nvidia e OpenAI, entre outras, além do governo estadual, e busca posicionar os mais de 20 campi da universidade como referência no uso sistemático de ferramentas generativas, como os chatbots.
Um dos pilares da iniciativa é o contrato de US$ 16,9 milhões com a OpenAI para oferecer o ChatGPT Edu, a ferramenta da empresa voltada à educação, para os mais de 500 mil estudantes e funcionários da universidade. Segundo a startup, trata-se da maior implementação do ChatGPT em uma única instituição.
A universidade também promoveu um acampamento de verão em parceria com a Amazon Web Services (AWS), com participação de 80 alunos de 19 campi, matriculados em cursos desde ciência da computação até zoologia, segundo o New York Times. Durante o programa, os estudantes usaram a plataforma Bedrock e o aplicativo AWS Jam para treinar habilidades de IA e desenvolver soluções aplicadas à administração universitária.
Essa movimentação da CSU segue uma tendência mais ampla entre instituições de ensino superior nos EUA. Em setembro, o sistema de faculdades comunitárias da Califórnia anunciou parceria com o Google para fornecer gratuitamente ferramentas de IA a 2,1 milhões de alunos. Anteriormente, em julho, a Microsoft já havia prometido US$ 4 bilhões para capacitação em IA em escolas, faculdades e para trabalhadores adultos.
Apesar do entusiasmo institucional e da oportunidade para estudantes, que ganham experiência e formação visando o concorrido mercado de trabalho em tecnologia, a iniciativa também recebeu críticas. Professores e especialistas alertam para riscos à autonomia acadêmica e à formação crítica dos alunos.
Por isso, senados docentes de diversos campi da CSU aprovaram resoluções contrárias ao projeto, citando o uso de chatbots para trapaças acadêmicas e a ausência de debate público sobre impactos sociais, trabalhistas e ambientais da IA.
Ao New York Times, a administração da universidade defendeu a estratégia como uma resposta à demanda do setor de tecnologia por mão de obra qualificada. Documentos internos revelam que empresas pressionaram a CSU por ações mais concretas para preparar alunos para carreiras em IA.