Inteligência Artificial

'Estamos na 4ª guerra dos navegadores de internet', afirma Krystian Kolondra, VP da norueguesa Opera

Krystian Kolondra afirma que o browser Opera já ultrapassou o "nível 3" de integração com inteligência artificial e mira web 4.0 para ganhar uma fatia maior do mercado

krystian Kolondra: Opera vai usar IA nativa no navegador para convencer novos usuários

krystian Kolondra: Opera vai usar IA nativa no navegador para convencer novos usuários

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 10 de abril de 2025 às 07h55.

Última atualização em 10 de abril de 2025 às 09h43.

LISBOA - A era dos agentes de inteligência artificial, fase em que modelos como o ChatGPT tomam a iniciativa para realizar tarefas online no lugar do usuário, pode remodelar o mercado de navegadores. No começo dos anos 2000, o Internet Explorer dominava o setor. Hoje, o Chrome responde por cerca de 65% do tráfego global, seguido de Safari (18%) e Edge (4%). Com o avanço da IA nas buscas online, a norueguesa Opera acredita ter uma chance de capturar uma nova fatia de mercado.

Opera apresenta IA para navegador que navega por conta própria

No evento Opera's Browser Days , realizado nesta quinta-feira, 10, em Lisboa, o vice-presidente da Opera Krystian Kolondra detalhou a aposta em IA, que estaria mais avançada do que a da concorrência. O grande marco é o lançamento de uma versão do navegador capaz de realizar buscas de forma autônoma para os usuários. A promessa, segundo ele, marca a entrada do Opera em um “nível 4” de integração entre navegador e inteligência artificial, um degrau à frente do que chamou de “nível 3”, em que o navegador já manipula e organiza abas, histórico e dados de navegação.

Para o executivo, o navegador norueguês sempre se destacou por inovações antecipadas, citando funcionalidades como VPN nativa, integração com IA local e recursos de mindfulness em desktops. “Existe uma obsessão criativa em sermos os primeiros”, afirmou Kolondra, acrescentando que a motivação para lançar novos recursos vem da percepção de ausência ou falha em soluções existentes. “Muitos recursos que hoje são padrão no mercado surgiram primeiro no Opera.”

O executivo comparou o atual cenário de concorrência no setor a uma "quarta guerra dos navegadores”, como a dos anos 1990 e 2000. Para ele, a explosão da IA generativa reavivou a relevância dos navegadores, que agora passam a atuar como pontes inteligentes entre usuários e conteúdo — e não mais apenas como portais de exibição.

Segundo Kolondra, a empresa classifica a evolução da IA em navegadores em cinco estágios. O primeiro seria o uso da IA como serviço externo; o segundo, a integração com a interface; o terceiro, o uso da IA para manipular dados e ações dentro do navegador. O quarto estágio, que o Opera afirma estar alcançando, inclui o recurso “Browse for Me”, que permite ao navegador realizar navegação autônoma.

Já o estágio cinco, em desenvolvimento, permitiria ao navegador delegar tarefas para outros agentes autônomos, sejam eles AIs ou humanos, numa atuação quase como manager digital.

Atualmente, a base global da Opera gira em torno de 296 milhões de usuários ativos mensais. No na Play Store, o navegador ultrapassou 1 bilhão de downloads. Apesar de ocupar uma posição menor que os concorrentes diretos, a empresa afirma que teve crescimento de 53% no mercado ocidental nos últimos quatro anos — um sinal de que sua aposta em diferenciação pode estar surtindo efeito.

A Opera também projeta receita de US$ 563 milhões para 2025 e lucro operacional (EBITDA) de US$ 135 milhões, com aumento de quase 4 vezes no faturamento médio por usuário desde 2020. “A explosão da IA reavivou a importância dos navegadores, que agora são pontes inteligentes entre o usuário e o conteúdo”, disse Kolondra.

Web 4.0 e bem-estar digital

O navegador Opera One, lançado no ano passado, foi apresentado como um passo na direção do que a empresa chama de “web 4.0”, uma internet em que usuários e sistemas inteligentes operam em conjunto. O termo ainda não é consensual no mercado, mas vem sendo usado para indicar uma fase posterior à web 3.0, voltada à descentralização e à imersão.

Kolondra também fez críticas indiretas ao estado atual do consumo de informação online. Citando o excesso de notícias sobre guerras, doenças e o crescimento rápido da IA, ele afirmou que “há uma sobrecarga informacional que deixa as pessoas desconfortáveis” e que faltam ferramentas de suporte emocional no ambiente de trabalho digital.

Foi com essa lógica que o Opera integrou ao navegador recursos como alertas de pausas, timers e sons relaxantes — funcionalidades incomuns em navegadores tradicionais, mas voltadas ao bem-estar digital.

Por fim, Kolondra sugeriu que o Opera está competindo “no espaço sideral”, em oposição a concorrentes que ainda operariam “presos à Terra”, numa metáfora para a aposta agressiva da empresa em IA, personalização e interfaces sensíveis ao contexto.

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