Inteligência Artificial

Empresa investe bilhões em dados e quer posicionar Arábia Saudita como centro de IA no Oriente Médio

Companhia enfrenta desafios como alto custo operacional, forte concorrência com os Emirados Árabes e capacidade de atrair profissionais qualificados

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 27 de agosto de 2025 às 14h54.

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A Arábia Saudita está empenhada para transformar dados em seu novo "petróleo". O reino conta com a ajuda da empresa de inteligência artificial e centros de dados Humain para alcançar suas ambiciosas metas. Propriedade do Fundo de Investimento Público, a companhia está focada no desenvolvimento de centros de dados - isso num país com vastas terras e recursos energéticos abundantes.

Segundo reportagem da CNBC, com a queda dos preços do petróleo e o aumento dos custos de megaprojetos como a cidade futurista de Neom, o reino vê no crescente mercado de dados e em instalações de computação uma nova fonte de receitas para.

“Nossa ambição é muito clara. Queremos ser o terceiro maior fornecedor de IA do mundo, atrás de Estados Unidos e China", declarou Tareq Amin, CEO da Humain, no programa "Access Middle" East da CNBC.

Desafios com concorrência e alto custo

Criada em maio de 2025, um dia antes da visita do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Reino Unido, a Humain tem o objetivo de fornecer soluções completas de IA em centros de dados, infraestrutura, plataformas de nuvem e modelos avançados de IA. O projeto visa posicionar a Arábia Saudita como o centro de IA da região.

Entretanto, o país enfrenta uma concorrência importante dos Emirados Árabes Unidos, que também estão fazendo parcerias com gigantes da tecnologia dos EUA, como o Stargate Campus em Abu Dhabi.

O projeto de US$ 500 bilhões em IA, anunciado pela OpenAI, é uma colaboração com a MGX de Abu Dhabi e o SoftBank, e terá o apoio de empresas como Oracle, Nvidia e Cisco Systems.

Embora o mercado de centros de dados da Arábia Saudita esteja projetado para crescer de US$ 1,33 bilhão em 2024 e chegar a US$ 3,9 bilhões em 2030, ele ainda está longe de alcançar a escala do mercado americano, que atualmente ultrapassa os US$ 200 bilhões.

Outros desafios envolvem o custo e o impacto ambiental de operar e resfriar enormes centros de dados no deserto do Oriente Médio, além da dificuldade de atrair engenheiros de IA para morar na Arábia Saudita, segundo a CNBC.

Desafio de contratar

A escassez de habilidades é uma grande preocupação — a Arábia Saudita depende em grande parte de talentos estrangeiros, que exigem altos salários e frequentemente não permanecem por longos períodos no país.

Mesmo com salários elevados, atrair e manter engenheiros de IA será uma tarefa desafiadora. De acordo com o Ministro de Recursos Humanos e Desenvolvimento Social, Ahmed Al-Rajhi, cerca de 50% dos cargos em IA permanecem desocupados no país.

A Humain não divulgou metas de investimento específicas, mas anunciou US$ 23 bilhões em parcerias tecnológicas estratégicas, além de um fundo de US$ 10 bilhões para capital de risco. O Fundo de Investimento Público, que controla a Humain, administra quase US$ 1 trilhão em ativos, abrangendo diversos setores e países.

“Meus investimentos são todos de natureza estratégica. O objetivo é criar propriedade intelectual local, gerar consumo de carga de trabalho na Arábia Saudita, e é nisso que estamos investindo", explicou Amin, CEO da Humain.

'Match' com grandes players

Em fevereiro, a Arábia Saudita comprometeu US$ 1,5 bilhão à Groq, uma empresa americana de IA, para expandir a entrega de seus chips. A Groq também anunciou a construção do maior cluster de inferência de IA da região em dezembro do ano passado.

Além disso, a Humain formou parcerias com grandes fabricantes de chips dos EUA, como AMD e Nvidia, para abastecer os planos de construção de seus centros de dados.

A empresa controlada pelo PIF iniciou a construção de dois grandes campi no país, com 11 centros de dados no total. Cada um terá uma capacidade de 200 megawatts. Até o final de 2025, a Humain pretende concluir a construção de 50 megawatts, com mais 50 megawatts adicionados a cada trimestre até 2026. A meta é alcançar 1,9 gigawatts até 2030 e 6 gigawatts até 2034.

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