Em 2022, a Amazon informou ter mais de 10 mil funcionários na China, com mais de mil pessoas sendo empregadas pela AWS (picture alliance/Getty Images)
Redator
Publicado em 24 de julho de 2025 às 15h12.
A Amazon está fechando seu laboratório de inteligência artificial em Xangai, tornando-se mais uma empresa dos EUA a reduzir suas operações de pesquisa na China devido ao aumento das tensões geopolíticas. Esse movimento ocorre após decisões similares de outras grandes empresas de tecnologia dos Estados Unidos, como IBM e Microsoft, que também reduziram suas iniciativas de pesquisa e desenvolvimento no país asiático.
Minjie Wang, cientista do laboratório da Amazon Web Services (AWS), criado em Xangai em 2018, anunciou nas redes sociais que sua equipe “está sendo dissolvida devido a ajustes estratégicos em meio às tensões entre EUA e China”. O fechamento ocorre em um cenário no qual autoridades norte-americanas intensificam a vigilância sobre projetos de IA vinculados à China.
Em uma publicação no WeChat – uma espécie de WhatsApp turbinado da gigante chinesa Tencent –, Wang destacou que teve o privilégio de liderar a equipe durante "a era dourada dos laboratórios de pesquisa estrangeiros na China", ressaltando as mais de 100 publicações acadêmicas realizadas e o trabalho pioneiro em uma estrutura de código aberto para redes neurais, que ajudou a gerar cerca de US$ 1 bilhão em vendas para a Amazon.
Além das tensões geopolíticas, o fechamento do laboratório é simultâneo ao aumento nos investimentos em robôs e IA e a cortes de pessoal globalmente. O CEO da empresa, Andy Jassy, alertou no mês passado que o aumento da adoção de IA resultará em perdas de empregos em toda a organização. A empresa justificou a decisão de fechar o laboratório de IA na China como parte de uma reestruturação para priorizar recursos em equipes com maior impacto, afetando cerca de uma dúzia de funcionários.
Em 2022, a Amazon informou ter mais de 10 mil funcionários na China, com a AWS empregando mais de mil deles. A maior parte dos negócios da gigante norte-americana no país está voltada para atender multinacionais que operam no país e grupos tecnológicos chineses que utilizam seus serviços de nuvem para suas operações globais.
A colaboração entre pesquisadores de IA baseados na China e colegas fora do país tem sido cada vez mais dificultada pelas restrições de exportação dos EUA, que visam impedir que o acesso a chips e serviços de computação em nuvem mais avançados.
Esse cenário também resultou na redução de mais de mil vagas de pesquisa e desenvolvimento pela IBM no ano passado e na oferta da Microsoft para realocar centenas de funcionários chineses que trabalhavam com IA e serviços em nuvem.