Repórter
Publicado em 18 de março de 2025 às 19h45.
A startup chinesa de inteligência artificial DeepSeek ganhou destaque em seu país de origem depois que o CEO Liang Wenfeng participou de um raro encontro com líderes empresariais em Pequim, no qual apertou a mão do presidente Xi Jinping. Desde então, a tecnologia virou ordem estatal e passou a ser adotada em diversos órgãos governamentais e empresas da China.
DeepSeek e Alibaba se tornam potências da IA, mas investimentos de risco na China seguem em baixa
Tribunais chineses, por exemplo, já utilizam a IA da empresa para redigir sentenças em minutos, enquanto hospitais a empregam para sugerir tratamentos médicos. Na cidade de Meizhou, no sul da China, a DeepSeek responde a uma linha de assistência ao cidadão, enquanto autoridades em Shenzhen afirmam ter usado a tecnologia para analisar vídeos de vigilância e localizar pelo menos 300 pessoas desaparecidas.
O entusiasmo com a DeepSeek reflete um padrão observado sempre que Xi Jinping endossa uma nova área. Ele já impulsionou setores como esportes de inverno e manufatura de ponta, e agora faz o mesmo com a inteligência artificial. Para os especialista, seria como a corrida espacial da China, na qual Xi colocou a IA e os supercomputadores no centro de sua estratégia para superar os Estados Unidos como potência tecnológica, a ascensão da DeepSeek tem sido vista como um sinal de que a China pode reduzir a vantagem dos americanos no setor.
Além dos órgãos públicos, empresas de diferentes setores passaram a incentivar o uso da DeepSeek. Redes de hotéis e operadoras de logística exploram a IA para design gráfico e atendimento ao cliente. Segundo o New York Times, em Nanchang, a polícia usou a ferramenta para resolver um processo de divórcio, recomendando que o ex-marido pagasse à ex-esposa pelas reformas feitas na casa que antes dividiam.
A ascensão da DeepSeek acontece em um momento de maior controle estatal sobre a IA na China. O governo já determinou que qualquer conteúdo gerado por inteligência artificial na internet precisa ser identificado e seguir as regras de censura do país.
Fora da China, governos como os de Austrália, Coreia do Sul e Taiwan proibiram o uso da DeepSeek por funcionários públicos, citando preocupações com segurança de dados.
Nos Estados Unidos, a OpenAI alertou a Casa Branca sobre os riscos da influência do governo chinês na tecnologia. Em uma carta ao governo americano, a empresa comparou a DeepSeek à Huawei, que já enfrenta sanções comerciais, e sugeriu que Washington desencorajasse seus aliados a usarem IA desenvolvida na China. “Embora os EUA ainda tenham liderança em IA, a DeepSeek mostra que essa vantagem está diminuindo”, escreveu a OpenAI.