Os sócios da IA: Nadella e Altman terão de definir o futuro da parceria entre as empresas (Justin Sullivan/Getty Images)
Repórter
Publicado em 18 de outubro de 2024 às 11h01.
Última atualização em 18 de outubro de 2024 às 13h07.
A OpenAI, avaliada recentemente em US$ 157 bilhões, está no meio de sua transição a fim de deixar de ser sem fins lucrativos para se tornar uma empresa rentável. No centro dessa mudança está uma questão delicada: como distribuir a participação acionária entre os investidores, funcionários e o próprio CEO da OpenAI, Sam Altman. O principal motivo é a parceria com a Microsoft, que tem um investimento de US$ 14 bilhões e precisa agora definir qual será o tamanho de sua parte.
EXCLUSIVO: Como Satya Nadella, CEO da Microsoft, quer criar uma IA para 8 bilhões de pessoasDada a dimensão do aporte, a aposta de Satya Nadella, CEO da Microsoft, poderá resultar em uma participação significativa na OpenAI, tornando-se uma das maiores proprietárias da segunda startup mais valiosa dos EUA, atrás apenas da SpaceX de Elon Musk. Mas essa transição não será simples. A Microsoft e a OpenAI contrataram bancos de investimento para aconselhá-las — a Microsoft com o Morgan Stanley e a OpenAI com o Goldman Sachs.
Além de discutir o tamanho da participação da Microsoft, as negociações envolvem outro ponto crucial: quais serão os direitos de governança da empresa dentro da OpenAI reestruturada? Normalmente, empresas sem fins lucrativos não se tornam organizações com fins lucrativos, especialmente do tamanho e importância da OpenAI. Isso adiciona camadas de complexidade ao processo, o que poderia atrair o escrutínio de reguladores antitruste, já que a Microsoft poderia acabar com uma fatia ainda maior do mercado de inteligência artificial, gerando preocupações sobre monopólio.
As duas empresas têm uma relação interligada financeiramente e tecnologicamente. A Microsoft não é apenas a maior investidora, mas também a fornecedora exclusiva de infraestrutura em nuvem da OpenAI, via Azure, além de integrar a tecnologia de IA da startup em produtos como o Copilot e Github. Ao mesmo tempo, a Microsoft está expandindo suas próprias capacidades em IA, enquanto Sam Altman, CEO da OpenAI, busca diversificar suas fontes de poder computacional.
Entre os desafios mais imediatos está a questão de como remunerar Altman e os outros funcionários da OpenAI, especialmente em um cenário onde os retornos dos investidores são limitados por regras estabelecidas quando a OpenAI ainda era uma organização sem fins lucrativos. Quem aportou na empresa, como a Nvidia, Thrive Capital e SoftBank, também esperam ver seu investimento convertido em participação acionária assim que a transição da OpenAI for concluída.
Pesa também nessa transição o fato de que a OpenAI terá um modelo híbrido, uma vez que ainda terá uma intenção sem fins lucrativos a ser definida. O fato de ficar em cima do muro sobre o que fará com a IA que desenvolve não agradou o time de executivos que participou de sua fundação, o que ocasionou uma debandada em setembro.
Com dois anos para concluir o processo, a OpenAI enfrentará o desafio de alinhar os interesses de todos os envolvidos, ou poderá ter que devolver o dinheiro arrecadado aos investidores caso o prazo não seja cumprido. Missão difícil quando há uma previsão de gerar um déficit no caixa na casa de 5 bilhões de dólares por ano.