Redatora
Publicado em 10 de março de 2025 às 14h20.
O cofundador da Hugging Face, empresa que hospeda IAs de código aberto, Thomas Wolf disse em um post no X (antigo Twitter) que atualmente os sistemas de inteligência artificial sendo construídos são “estudantes muito obedientes, e não revolucionários”. Ele diz que, por enquanto, os grandes modelos de linguagem têm apenas feito "preenchimentos" com base no conhecimento humano já existente.
Isso tem sido suficiente para cumprir o objetivo atual de criar assistentes e ajudantes úteis, mas não irá trazer revoluções científicas até que os sistemas sejam capazes de questionar os dados com os quais são alimentados.Na avaliação dele, a IA precisa aprender a fazer perguntas que ninguém mais pensou. “O erro comum que as pessoas normalmente fazem é pensar que Newton ou Einstein eram apenas bons estudantes”, escreveu. “Essa perspectiva perde o ponto mais crucial da ciência: a habilidade de fazer as perguntas certas e de desafiar o que o próprio indivíduo aprendeu.”
Ele exemplifica isso com o cientista Copernicus, que defendeu que a Terra orbitava ao redor do Sol e não ao contrário, como havia aprendido em sua época. Essas mudanças de paradigmas são raras e, hoje, costumam ser presenteadas com algum prêmio, como um Nobel.
Enquanto isso, a maioria dos parâmetros para as IAs são testados a partir de perguntas complexas formuladas por especialistas com pós-doutorado. As respostas para essas perguntas são fechadas e claras e consistem em algo em que a humanidade já construiu conhecimento a respeito.
“Entretanto, verdadeiros avanços científicos virão não de respostas a perguntas conhecidas, mas do questionamento de concepções comuns e ideias anteriores, além da formulação de novas perguntas desafiadoras”, defendeu.
Wolf sugere que algumas das formas de medir a performance de IA para disrupções científicas sejam: desafiar o conhecimento presente em seus próprios dados de treinamento, adotar abordagens contrafactuais ousadas, fazer propostas gerais com base em pequenos indícios, formular a perguntas não óbvias que levem a novos caminhos de pesquisa.