Inteligência Artificial

Claude cria 95% de biblioteca de códigos; para os humanos, restou a revisão do que foi gerado

Experimento liderado por Kenton Varda, engenheiro-chefe da Cloudflare, registrou dois meses de trabalho, nos quais a IA gerou quase todo o código utilizado e documentou meticulosamente todo o processo

Publicado em 9 de junho de 2025 às 15h53.

Última atualização em 9 de junho de 2025 às 15h56.

Um experimento da empresa de segurança digital Cloudflare mostrou que uma inteligência artificial foi capaz de escrever quase todo o código de uma ferramenta usada por desenvolvedores. A IA usada foi o Claude, criada pela empresa americana Anthropic, e o projeto durou dois meses.

O teste foi conduzido por Kenton Varda, engenheiro-chefe da Cloudflare, que começou cético quanto ao uso de IA para desenvolver sistemas. No fim, mais de 95% do código da biblioteca OAuth 2.1 — usada para autenticação, ou seja, para confirmar a identidade de usuários em serviços online — foi gerado pela IA. Todo o processo foi documentado passo a passo, com cada comando e sugestão sendo gravados nas mensagens de commit, que são os registros de alterações no código de um projeto.

Para facilitar o trabalho da IA, os engenheiros usaram o que chamam de "prompt por exemplo", que é quando se dá um exemplo prático de como a ferramenta deveria funcionar. Isso ajudou o Claude a produzir um código mais próximo do que era necessário, evitando interpretações erradas. A Cloudflare comparou isso a ensinar uma dança: é mais fácil entender vendo a coreografia do que apenas lendo a descrição dos passos.

Mesmo com esses cuidados, a IA cometeu erros em tarefas consideradas simples. Em alguns momentos, o Claude não conseguiu reorganizar partes do código corretamente ou usar os comandos certos para buscar e substituir informações. Por isso, os humanos precisaram intervir em algumas etapas para corrigir falhas, melhorar a organização do código e ajustar o estilo da programação.

O que isso significa para os programadores?

Esse tipo de experimento levanta um debate importante: qual será o papel dos programadores humanos se a IA já consegue escrever quase todo o código de uma aplicação?

A Cloudflare mostrou que, mesmo gerando grande parte do material, a IA ainda precisa de orientação, revisão e correções feitas por pessoas. Porém, se essa tecnologia continuar evoluindo, é possível que algumas tarefas hoje feitas por desenvolvedores juniores, como escrever funções simples, passem a ser automatizadas.

Isso pode mudar o mercado de trabalho na área de tecnologia, reduzindo a demanda por profissionais menos experientes e exigindo cada vez mais conhecimento técnico para revisar o que a IA produz.

Outro ponto importante é a ideia de que, no futuro, os comandos dados à IA, os prompts, poderão ser mais importantes do que o próprio código final. Isso muda o foco do trabalho: o programador deixa de escrever o código diretamente e passa a ser responsável por instruir corretamente a IA.

Acompanhe tudo sobre:Inteligência artificialSoftwarefuturo-do-trabalho

Mais de Inteligência Artificial

Alibaba e Tencent desativam ferramentas de IA para evitar trapaças durante “Enem” chinês

Blackstone injeta US$ 300 mi em empresa de dados e reforça boom da IA no sul da Califórnia

O que é o jogo Torre de Hanói e por que a Apple usou ele para mostrar limitações da IA

VerifAI Docs: Caf lança solução com IA para combater fraudes digitais em documentos