Inteligência Artificial

China ultrapassa EUA no mercado global de IAs de código aberto

País asiático já concentra 17% dos downloads desses modelos, superando os 15,8% registrados por empresas norte-americanas como OpenAI, Anthropic e Google

Treinamento do R1, da DeepSeek, custou menos de 0,3% do investimento feito no ChatGPT, da OpenAI (Joel Saget/AFP)

Treinamento do R1, da DeepSeek, custou menos de 0,3% do investimento feito no ChatGPT, da OpenAI (Joel Saget/AFP)

Publicado em 26 de novembro de 2025 às 13h56.

A China ultrapassou os Estados Unidos na liderança do mercado global de modelos de inteligência artificial de código aberto. Segundo estudo do MIT em parceria com a Hugging Face, o país asiático respondeu por 17% dos downloads desses modelos no último ano, contra 15,8% das versões desenvolvidas por empresas norte-americanas. É a primeira vez que os chineses assumem o topo desse ranking.

Modelos abertos permitem que desenvolvedores e pesquisadores façam download, modifiquem e integrem os sistemas livremente, o que facilita a criação de produtos e o aprimoramento da tecnologia. A adoção massiva desse tipo de modelo é vista como um fator estratégico na definição do futuro da IA.

A iniciativa chinesa contrasta com a abordagem mais restritiva das big techs e startups dos EUA, como OpenAI, Anthropic e Google, que mantêm suas tecnologias avançadas sob controle proprietário e faturam com assinaturas e contratos corporativos.

Na China, com acesso restrito aos chips avançados da Nvidia, empresas têm sido incentivadas pelo governo a disponibilizar seus modelos em código aberto. Segundo o estudo, o R1, da DeepSeek, e o Qwen, da Alibaba, concentram a maior parte dos downloads de IAs chinesas.

Ameaça começou em janeiro

A ofensiva chinesa começou a ganhar força e chamar a atenção em janeiro, com o lançamento do modelo R1. Seu treinamento custou menos de 0,3% do investimento feito no ChatGPT, da OpenAI, e mesmo assim apresenta desempenho comparável às soluções norte-americanas.

Com menos recursos computacionais e acesso restrito a chips de ponta, o avanço chinês levanta dúvidas sobre o retorno dos investimentos bilionários — ou até trilionários — feitos por empresas dos EUA em data centers.

Enquanto os Estados Unidos concentram esforços em modelos fechados de última geração, com o objetivo de chegar à chamada inteligência artificial geral, a China prioriza ciclos mais curtos de desenvolvimento, aplicações práticas e lançamentos frequentes. Analistas apontam que o país vem compensando limitações técnicas com criatividade e mão de obra qualificada, pressionando a liderança tecnológica norte-americana.

Já em meio a um contexto de expansão dos modelos chineses, em julho o governo de Donald Trump passou a tratar a disputa entre abordagens abertas e fechadas da IA como tema de segurança nacional. Pouco depois, em agosto, a OpenAI lançou seus primeiros modelos com pesos abertos desde 2019.

Apesar do avanço, pesquisadores alertam que os modelos chineses carregam viés ideológico alinhado ao Partido Comunista e evitam temas sensíveis como Taiwan e os protestos da Praça da Paz Celestial. Isso, somado a preocupações com segurança e privacidade, pode limitar a expansão global dessas soluções.

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