Inteligência Artificial

China intensifica disputa com os EUA e cria grupo de governança da IA avaliado em US$ 4,8 tri

Nova entidade sediada em Xangai busca definir regras para uso da IA e atrai países do Sul Global

China desafia liderança dos EUA em inteligência artificial com nova organização internacional (Gao Yuwen/VCG/Getty Images)

China desafia liderança dos EUA em inteligência artificial com nova organização internacional (Gao Yuwen/VCG/Getty Images)

Publicado em 31 de julho de 2025 às 05h11.

A China lançou uma iniciativa internacional para disputar a liderança na governança da inteligência artificial (IA), intensificando a competição com os Estados Unidos em um mercado estimado em US$ 4,8 trilhões até 2033, segundo informações da Bloomberg.

A proposta foi apresentada durante a Conferência Mundial de Inteligência Artificial, realizada no fim de julho em Xangai, com a presença de representantes de mais de 70 países.

A nova organização, chamada de Organização Mundial de Cooperação em IA, terá sede em Xangai e pretende criar diretrizes técnicas, éticas e de segurança para o uso da tecnologia. O objetivo é posicionar a China como protagonista global no setor, especialmente junto a países em desenvolvimento.

Estratégia chinesa inclui diplomacia e acesso a modelos

O anúncio da entidade internacional foi acompanhado por discursos do premiê chinês, Li Qiang, que criticou o que chamou de "monopólio da IA" e defendeu a construção de uma governança multilateral. A iniciativa também retoma elementos da chamada Rota da Seda Digital, na qual a China oferece tecnologia e infraestrutura para ampliar sua influência global.

Entre os países convidados para participar da organização estão Etiópia, Paquistão, Cuba, Indonésia e Rússia, além de representantes da União Europeia e algumas nações europeias. A ausência dos Estados Unidos no encontro chamou atenção.

A iniciativa ocorre em um momento em que empresas chinesas estão investindo em modelos de IA com código aberto, como os desenvolvidos pela Deepseek, Moonshot e Alibaba. A estratégia visa ampliar o acesso à tecnologia por países com menos infraestrutura computacional, oferecendo alternativas aos modelos fechados das big techs americanas.

Nos Estados Unidos, o presidente republicano Donald Trump afirmou recentemente que o país “fará tudo o que for preciso” para manter a liderança em IA. O plano de ação norte-americano inclui o combate à influência da China em fóruns internacionais de regulação tecnológica.

Apesar da ausência de regras globais obrigatórias, a criação da nova entidade marca uma tentativa da China de preencher esse vácuo institucional e criar um ambiente normativo mais favorável às suas empresas. O Ministério das Relações Exteriores da China informou que os detalhes serão definidos em conjunto com os países que aderirem à iniciativa.

A governança da inteligência artificial se tornou um dos principais campos de disputa entre as grandes potências, não apenas pela relevância econômica do setor, mas também pelo seu impacto estratégico em defesa, segurança e geopolítica digital.

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