Professor Celso Camilo: lidera uma equipe dedicada a transformar o aprendizado e a pesquisa em IA no país, com uma visão que integra academia, parcerias empresariais e desenvolvimento regional
Chief Artificial Intelligence Officer da Exame
Publicado em 23 de agosto de 2024 às 14h51.
Última atualização em 23 de agosto de 2024 às 14h51.
Recentemente, a convite do Sesc e do Senac de Góias, tive o privilégio de visitar o Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA) na Universidade Federal de Goiás, em Goiânia. Esta experiência iluminou minha perspectiva sobre o desenvolvimento da IA no Brasil, especialmente quando considerada no contexto do recém-lançado Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) 2024-2028.
No CEIA, fui recebido pelo Professor Celso Camilo, uma figura verdadeiramente inspiradora no cenário da IA brasileira. Camilo não é apenas um acadêmico brilhante; ele é um visionário que está mobilizando centenas de talentos em prol da difusão do aprendizado em IA no país.
O que mais me impressionou foi o ecossistema vibrante que o Professor Camilo e seus colegas construíram. O CEIA não é apenas um centro de pesquisa; é um hub de inovação onde:
O PBIA representa um passo importante no reconhecimento nacional da relevância da IA para o futuro do Brasil. Com um investimento proposto de R$ 23,03 bilhões até 2028, o plano abrange áreas cruciais como infraestrutura, formação de talentos, melhoria dos serviços públicos e inovação empresarial.
É um esforço louvável que demonstra o compromisso do governo federal com o avanço da IA no país. No entanto, ao comparar o PBIA com o que vi em Goiânia, fica claro que há espaço para aprimoramentos, especialmente em termos de integração com iniciativas regionais e foco na formação de capital humano.
Um ponto crucial que merece mais atenção é o conceito de infraestrutura de IA. Enquanto o PBIA prevê investimentos significativos em hardware de ponta, é importante questionar: o que realmente constitui a infraestrutura de IA no século XXI?
Quando pensamos em ferramentas como o ChatGPT, percebemos que a verdadeira infraestrutura vai além de servidores e processadores. Ela engloba o conhecimento, as habilidades e a criatividade dos profissionais que desenvolvem e aprimoram esses sistemas.
Se o plano nacional se concentrar excessivamente na aquisição de tecnologia externa, corremos o risco de aumentar nossa dependência em vez de construir capacidade própria. O caminho para a verdadeira soberania em IA passa, necessariamente, pelo investimento maciço na formação de talentos.
O PBIA tem o potencial de ser um catalisador poderoso para o avanço da IA no Brasil, mas para isso, precisa:
Ao integrar as lições de iniciativas bem-sucedidas como a de Goiânia, o plano nacional pode se tornar mais robusto e eficaz, criando um ambiente onde cada região possa brilhar com suas próprias forças e peculiaridades.
O futuro da IA no Brasil não será construído apenas em laboratórios de ponta ou com supercomputadores importados. Ele será forjado nas salas de aula, nos centros de pesquisa regionais, nas startups inovadoras que surgem em todos os cantos do país.
O Brasil possui um imenso potencial no campo da IA, com talentos e criatividade de sobra. O que precisamos agora é de uma abordagem que combine a visão nacional com a execução local, que invista em pessoas tanto quanto em tecnologia.
Ao final da minha visita ao CEIA, saí com a certeza de que o Brasil tem todos os ingredientes para se tornar um líder global em IA. O desafio agora é alinhar nossos planos nacionais com nossas forças regionais, criar um ambiente onde iniciativas como a do Professor Celso Camilo possam florescer em todo o país, e investir pesadamente na formação dos talentos que construirão o futuro da IA brasileira.
Só assim transformaremos o potencial em realidade, beneficiando não apenas nossa economia, mas toda a sociedade brasileira. O futuro da IA no Brasil é promissor, e está em nossas mãos moldá-lo de forma inclusiva, inovadora e verdadeiramente brasileira.