Mesmo que a transição seja gradual, anúncio da Baidu já coloca pressão sobre concorrentes como OpenAI e Anthropic, que oferecem APIs fechadas com preços elevados (LightRocket/Getty Images)
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Publicado em 30 de junho de 2025 às 18h06.
Última atualização em 30 de junho de 2025 às 19h05.
Os Estados Unidos e a China dominam a corrida tecnológica e de inteligência artificial, mas, além dessa disputa entre nações, outra batalha vem sendo travada por empresas: a disputa entre modelos abertos e fechados.
Tradicionalmente favorável a um modelo de negócios proprietário, o gigante chinês Baidu deu um passo significativo em direção ao modelo aberto nesta segunda-feira, 30, ao tornar seu modelo de IA generativa Ernie em código aberto. Essa mudança pode ter um grande impacto na corrida global pela tecnologia.
Entre as motivações, está a crescente competitividade de modelos abertos, como o também chinês DeepSeek. Mesmo que a transição seja gradual, o anúncio já coloca pressão sobre concorrentes como OpenAI e Anthropic, que oferecem APIs fechadas com preços elevados. Recentemente, Sam Altman, CEO da OpenAI, indicou que a empresa está reavaliando sua abordagem ao código aberto, com planos de lançar um modelo desse tipo ainda em 2025.
Segundo Robin Li, CEO da Baidu, a abertura do código visa ajudar desenvolvedores ao redor do mundo a criar aplicações sem se preocupar com custos elevados ou limitações de capacidade. De acordo com a empresa, seu modelo Ernie X1, lançado em março, oferece desempenho comparável ao R1 do DeepSeek, mas com metade do preço.
Especialistas afirmam que a abertura do código do Ernie pode transformar a indústria de IA. Sean Ren, professor na Universidade do Sul da Califórnia, observa que, embora os consumidores nem sempre se importem com o código aberto, eles se preocupam com custos mais baixos, desempenho aprimorado e suporte para idiomas ou regiões específicas – vantagens frequentemente oferecidas por modelos abertos.
No entanto, a reação do mercado pode ser mista. Cliff Jurkiewicz, vice-presidente de estratégia global da Phenom, empresa de IA aplicada ao setor de recursos humanos, alerta que, devido à desconfiança em produtos chineses em alguns mercados, a adoção do Ernie pode ser dificultada.