Inteligência Artificial

Avatar de inteligência artificial vende US$ 7 milhões em 6 horas e supera influenciadores; entenda

Para especialista, chegada dos avatares de IA representa impacto semelhante ao do DeepSeek na tecnologia mundial

Desde a pandemia, os canais de vendas chineses encontraram nas lives uma nova forma de se conectar com os clientes (Qilai Shen/Bloomberg)

Desde a pandemia, os canais de vendas chineses encontraram nas lives uma nova forma de se conectar com os clientes (Qilai Shen/Bloomberg)

Letícia Ozório
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 19 de junho de 2025 às 10h22.

Agora, os influenciadores digitais contam com uma nova oportunidade: a dos avatares gerados por inteligência artificial. Na última semana, uma parceria entre a empresa de tecnologia chinesa Baidu e um criador de conteúdo mostrou que poucas horas podem render vendas milionárias.

No domingo, durante uma transmissão ao vivo da plataforma de vendas Youxuan, da Baidu, o influenciador Luo Yonghao, um dos mais populares da China, utilizou uma versão digital de si mesmo gerada por inteligência artificial para interagir por mais de seis horas com o público. Ao fim, ele e seu co-apresentador digital, Xiao Mu, arrecadaram mais de US$ 7,65 milhões em vendas.

No mês passado, ele se apresentou por mais de quatro horas em uma live similar da Baidu, mas sem a utilização de inteligência artificial. Ao fim do dia, gerou menos vendas para a plataforma de e-commerce.

Avatares de inteligência artificial

Os avatares de inteligência artificial foram gerados com o modelo de IA generativa do Baidu, que utilizou mais de cinco anos de vídeos de Luo para imitar seu estilo, fala e piadas, afirmou Wu Jialu, líder de pesquisas da Be Friends Holding, agência pertencente ao influenciador digital.

Segundo Wu, esse momento representa para a indústria do streaming ao vivo o mesmo impacto que a chegada do DeepSeek, versão chinesa de inteligência artificial generativa, causou aos investidores globais.

Entre os benefícios dos avatares de IA está a redução de custos com equipes de produção e de estúdios para realizar as transmissões ao vivo. Ao contrário dos humanos, essas tecnologias não precisam de pausas para alimentação ou banheiro, o que garante que as lives sejam contínuas.

“O efeito ‘humano digital’ me assustou. Estou um pouco atordoado”, Luo publicou para seus mais de 1,7 milhão de seguidores na plataforma Weibo.

A companhia de Luo já havia realizado testes com humanos digitais nos últimos anos, mas nenhum deu retorno positivo. “Sempre fomos céticos em relação a pessoas digitais fazendo transmissões ao vivo”, afirmou Wu.

Adaptação do e-commerce na China

Desde a pandemia, os canais de vendas chineses precisaram encontrar novas formas de se conectar com os clientes, e as transmissões ao vivo ajudaram nesse processo. A Douyin, “gêmea” do TikTok na China, se tornou a segunda maior plataforma de e-commerce no país com a ajuda das lives, ultrapassando a JD.com.

No entanto, especialistas afirmam que a taxa de devolução desses produtos tende a ser maior, já que as compras costumam ser feitas por impulso.

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