Strava registra o trajeto feito em tempo real e é possível compartilhar e ver a rota de outros atletas (NurPhoto /Getty Images)
Redator
Publicado em 4 de agosto de 2025 às 10h07.
O Strava é um dos aplicativos mais populares entre praticantes de atividades físicas, com mais de 150 milhões de usuários registrados em todo o mundo e uma avaliação de US$ 2,2 bilhões. No Brasil, segundo maior mercado, atrás apenas dos EUA, o aplicativo possuía 5 milhões de “atletas” em março de 2019, pouco antes da pandemia de Covid-19, crescendo para cerca de 21 milhões no mesmo mês de 2025.
Apesar do crescimento acelerado, persiste o desafio de transformar essa popularidade em um modelo de negócios sustentável. Para isso, Michael Martin, usuário desde 2016 e CEO do Strava a partir de janeiro de 2024, tem buscado formas de incentivar a migração e assinatura da versão premium. A nova aposta da empresa é na tecnologia do momento: a inteligência artificial.
No ano passado, foi lançado o Athlete Intelligence, um "treinador" de IA voltado para iniciantes. Porém, o foco na base inicial gerou críticas entre atletas experientes. A ciclista britânica Lizi Brooke, por exemplo, destacou a falta de relevância em alguns dos conselhos dados pela IA, como quando o “treinador” indica que o usuário está abaixo de sua velocidade normal enquanto pedala em terrenos difíceis, como os de cascalho.
Para aprimorar essa oferta e atender melhor aos atletas mais avançados, o Strava adquiriu recentemente dois aplicativos focados em treinamento sério: Runna e The Breakaway. Essas aquisições são uma tentativa de ajustar a funcionalidade para diferentes perfis de usuários, desde iniciantes até atletas mais experientes.
Atualmente, uma assinatura individual do Strava custa R$ 12,49 ao mês (R$ 149,90 por ano). 90% das receitas da empresa vêm de assinantes, já que o engajamento no app tende a ser breve, resultando em pouco tempo para, por exemplo, exibir publicidade. No entanto, apesar dos desafios, Martin já disse que o app é lucrativo desde 2022.
Fundado em 2009, a história do Strava é marcada por um crescimento meteórico durante a pandemia de Covid-19, quando 23 milhões de novos usuários se inscreveram em 2020, após a substituição dos treinos de academia por atividades ao ar livre. Apesar disso, esse crescimento também trouxe frustração, especialmente em relação a problemas com o modelo freemium da plataforma e com a falta de novos recursos.
Martin, com experiência anterior na liderança de produtos digitais na Nike, sabe da importância de equilibrar inovação com a satisfação do usuário. No entanto, o Strava continua enfrentando o desafio de manter sua base de usuários engajada, enquanto tenta equilibrar suas funções de rede social e rastreamento de atividades físicas. Às vezes, as duas funções entram em conflito, como no caso de usuários casuais registrando recordes impossíveis de serem alcançados com bicicletas elétricas.
Por isso, o grande desafio para o Strava será equilibrar a expansão de sua base de assinantes com a melhoria da experiência do usuário, atendendo tanto iniciantes quanto atletas experientes, e, ao mesmo tempo, garantir que os recursos premium justifiquem o investimento.