Inteligência Artificial

Apple diante do relógio: a necessidade de inovação em IA para evitar o “Momento BlackBerry”

Pode parecer exagero comparar a Apple, avaliada em US$ 3,42 trilhões, com a BlackBerry, mas, em 2008, poucos também teriam apostado contra a empresa canadense

Tim Cook: CEO da Apple

Tim Cook: CEO da Apple

Publicado em 16 de agosto de 2025 às 13h11.

Em meio ao noticiário sobre inteligência artificial, uma empresa tem se destacado, mas não pelos melhores motivos: a Apple. Ao contrário de novas funcionalidades e previsões animadoras, atrasos em lançamentos de produtos, perda de talentos e até sugestões de troca de CEO têm dominado as discussões. Esse cenário levou analistas a questionarem se a Apple estaria vivendo seu próprio “Momento BlackBerry”.

Se você tem menos de 30 anos, talvez não se lembre ou saiba o que é a BlackBerry, mas essa metáfora faz referência à dramática queda da empresa canadense que dominou o mercado de smartphones no início dos anos 2000. Seu fracasso foi motivado pela incapacidade de se adaptar à chegada de um dispositivo que você provavelmente conhece (e talvez possua): o iPhone, que introduziu o touchscreen no lugar do teclado físico.

Hoje, as ações que valiam US$ 140 em maio de 2008, ano seguinte ao lançamento do iPhone, são vendidas a US$ 3,65. Uma queda de mais de 97% desde seu pico. Pode parecer exagero comparar a Apple, avaliada em US$ 3,42 trilhões, com a BlackBerry, mas, em 2008, poucos também teriam apostado contra a empresa canadense.

O impacto da IA

O surgimento da inteligência artificial generativa trouxe uma nova revolução tecnológica. Os investimentos no setor são estimados em trilhões de dólares, com retornos promissores, ainda que cheios de incertezas. Mesmo com esses riscos, ninguém quer correr o maior deles: ficar de fora.

Gigantes do setor, como Microsoft, Google, Amazon e Meta, além da pioneira OpenAI, que, por sinal, poucos conheciam até três anos atrás, estão liderando a corrida. Enquanto isso, a Apple, famosa por sua inovação constante, tem ficado para trás, com um movimento lento e um foco limitado em IA.

Dan Ives, analista da Wedbush Securities, chamou a atenção para essa situação. Ele é um dos especialistas alertando que a Apple precisa agir rapidamente ou poderá se tornar a próxima BlackBerry. A magnitude de uma eventual queda da gigante de Cupertino, no entanto, talvez redefinisse a metáfora para casos futuros como “Momento Apple”.

Nesse cenário, a Apple ainda detém uma base de 2,4 bilhões de dispositivos iOS em circulação, incluindo 1,5 bilhão de iPhones, o que representa uma plataforma poderosa. No entanto, segundo Ives, a empresa corre o risco de perder sua vantagem competitiva e todo esse potencial, se não se engajar de maneira agressiva no campo da inteligência artificial, especialmente quando rivais estão avançando a passos largos.

Qual a solução?

A solução para evitar um “Momento Apple”, segundo Ives, inclui três ações cruciais:

  1. Aquisição da Perplexity: A startup de busca baseada em IA poderia ser uma maneira de revitalizar a Siri, que tem ficado para trás em relação aos assistentes de voz da concorrência. Ives sugere que uma compra de US$ 30 bilhões (a avaliação dela está na casa dos US$ 18 bilhões) seria um pequeno preço a pagar pela oportunidade de monetizar o potencial da IA;
  2. Contratar talentos externos de IA: A Apple tem falhado em manter um ritmo de inovação recente e, inclusive, em segurar seus próprio talentos de IA. Por isso, Ives sugere que a Apple precisa de líderes da área, mas que venham de fora da empresa, para injetar uma nova dinâmica no time atual, que parece estagnado e correndo sem sair do lugar;
  3. Apostar no Google Gemini: Ives acredita que a Apple deve abraçar o Google Gemini, integrando sua tecnologia de IA ao iPhone, mesmo diante de obstáculos regulatórios. Para ele, a OpenAI não é uma parceira viável de longo prazo. Nesse cenário, a Apple precisa tomar decisões urgentes e ousadas para não perder o timing.

Este é, sem dúvida, um momento crucial para a Apple. Os fãs da empresa, que têm orgulho de sua trajetória de inovação, precisam estar atentos ao fato de que a tecnologia avança rapidamente. Por isso, se ela não se adaptar à revolução da inteligência artificial, sua liderança poderá ser questionada.

Assim como a BlackBerry foi superada pela chegada do iPhone, a Apple precisa agir rapidamente para não ser ultrapassada pela revolução da IA. Ainda que a comparação possa continuar parecendo exagerada, o futuro da empresa dependerá das decisões tomadas nos próximos meses. O tempo está correndo.

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