Anthropic foi fundada em 2021 por ex-funcionários da OpenAI que queriam priorizar o desenvolvimento de IA segura (VCG/VCG/Getty Images)
Redator
Publicado em 6 de setembro de 2025 às 09h57.
Última atualização em 6 de setembro de 2025 às 09h58.
A Anthropic, desenvolvedora do modelo de inteligência artificial Claude, anunciou que interromperá a venda de seus serviços para grupos majoritariamente controlados por entidades chinesas, tornando-se a primeira empresa de IA dos Estados Unidos a adotar essa política.
Essa medida tem por objetivo limitar o uso de sua tecnologia por Pequim para fortalecer os interesses militares e de inteligência da China, conforme relatado por um executivo da empresa ao Financial Times. Assim, a Anthropic busca fechar uma "brecha" que permitia o acesso de grupos chineses à IA de ponta desenvolvida no Ocidente.
Com efeito imediato, a nova política da empresa pode ser impactar gigantes como ByteDance (dona do TikTok), Tencent e Alibaba. Além disso, ela será estendida a outros adversários dos EUA, como Rússia, Irã e Coreia do Norte. Segundo o executivo, a medida foi projetada para estar alinhada com “nosso compromisso mais amplo de que as capacidades transformadoras da IA promovam interesses democráticos na liderança dos EUA em IA”.
Além das empresas diretamente afetadas, grupos e consumidores individuais que acessam os serviços da Anthropic via plataformas de nuvem também serão impactos. Embora o uso dos chatbots de IA norte-americanos, como Claude, ChatGPT (OpenAI) ou Gemini (Google), seja banido na China, usuários conseguem acessar os serviços por meio de redes privadas virtuais (VPNs), o que vai contra os termos de uso das plataformas.
O impacto sobre as finanças da Anthropic está estimado em poucas "centenas de milhões de dólares". No entanto, a empresa acredita que essa postura é necessária para destacar um problema estratégico relevante, mesmo que isso signifique perder negócios para rivais.
Fundada em 2021 por ex-funcionários da OpenAI com o objetivo de priorizar o desenvolvimento de IA segura, a Anthropic levantou US$ 13 bilhões em investimentos na terça-feira, 2, com avaliação de US$ 183 bilhões. Por outro lado, a empresa é ré em um caso de pirataria e violação de direitos autorais que pode resultar em reparações de até US$ 1 trilhão, o que, em tese, poderia levá-la à falência.
Essa política da Anthropic reflete uma crescente preocupação nos EUA sobre a estratégia da China de estabelecer subsidiárias no exterior para ocultar suas tentativas de obter tecnologia norte-americana, em meio às tensões geopolíticas e às restrições de exportação direta.
O movimento também ocorre em um contexto de preocupações crescentes sobre o uso da IA pela China para fins militares, como o desenvolvimento de armas hipersônicas e modelos de armamento nuclear. Além disso, preocupa a expansão da oferta de modelos chineses de código aberto e das aplicações práticas da tecnologia por empresas do país.