Repórter
Publicado em 3 de novembro de 2025 às 11h22.
Última atualização em 3 de novembro de 2025 às 11h27.
A unidade de nuvem da Amazon (AMZN) fechou um acordo de US$ 38 bilhões com a OpenAI para fornecer infraestrutura e poder computacional à desenvolvedora do ChatGPT ao longo dos próximos sete anos.
A parceria garante à OpenAI acesso imediato a centenas de milhares de unidades de processamento gráfico (GPUs) da Nvidia, incluindo os chips GB200 e GB300, destinados a treinar novos modelos de linguagem e sustentar o funcionamento de produtos como o ChatGPT. A Amazon Web Services (AWS) será responsável por hospedar esses chips em clusters dedicados, entregando toda a capacidade contratada até o final de 2026.
Às 11h24, no horário de Brasília, pouco tempo depois do anúncio, as ações da Amazon subiam cerca de 0,43%. A Nvidia, por sua vez, subia quase 2% no pré-mercado americano.
Segundo as empresas, o contrato inclui a opção de expansão em anos subsequentes.
Para a AWS, o anúncio representa um avanço estratégico em um setor no qual vinha atuando como coadjuvante. A infraestrutura da companhia será usada para apoiar o plano da OpenAI de investir US$ 1,4 trilhão em redes de dados, energia e computação para escalar sua inteligência artificial.
A crescente preocupação com uma possível bolha no mercado de IA tem sido levantada por vários analistas e líderes do setor.
Entre os que alertam para o risco de uma sobrevalorização, está Jared Bernstein, ex-presidente do Conselho de Economia da Casa Branca, que vê os altos preços das ações e as avaliações extremas como sinais típicos de uma bolha prestes a estourar. Bernstein destaca que há um grande abismo entre os níveis atuais de investimento e as expectativas reais de lucros futuros.
Para ele, a relação entre o valor investido em empresas de IA e a realidade dos lucros futuros é insustentável, o que torna o mercado altamente especulativo.
Nos últimos meses, um número crescente de acordos entre as principais empresas de IA tem gerado preocupações sobre a criação de um sistema econômico fechado e interdependente na indústria.
As parcerias entre Nvidia, OpenAI, Oracle e outras companhias estão criando um ciclo de investimentos que, embora necessário para o rápido crescimento do setor, também levanta questões sobre a sustentabilidade e a transparência desses movimentos financeiros.
Esses acordos, muitas vezes considerados "circulares", envolvem transações em que as empresas investem umas nas outras, o que resulta em uma série de fluxos financeiros que, para analistas, podem inflar artificialmente as avaliações do mercado de IA.
Por exemplo, quando OpenAI investe na construção de data centers com Oracle, essa última acaba gastando uma parte significativa de sua receita com a compra de chips da Nvidia. Isso cria um ciclo de retorno de capital para a Nvidia, que, por sua vez, já tem grandes investimentos em OpenAI e outras startups de IA.
Para Cathie Wood, CEO da Ark Invest, a atual onda de investimentos em IA não configura uma bolha, mas sim um impulso necessário para uma revolução tecnológica genuína.
Wood acredita que a IA tem um potencial disruptivo muito real e que, apesar das correções que possam ocorrer no curto prazo, os investimentos feitos hoje irão gerar resultados substanciais a longo prazo.
Para ela, a transformação impulsionada pela IA como uma mudança de paradigma em várias indústrias, e destaca que, para alcançar esses benefícios, as grandes empresas precisam passar por uma reestruturação significativa, o que ainda vai levar algum tempo.
De acordo com Wood, as expectativas de que a IA vá remodelar completamente setores como saúde, finanças e manufatura são realistas, e os gastos atuais são um "investimento necessário" para preparar as empresas para a transformação.
Para Wood, a IA está no início de uma revolução que pode durar décadas, e, por isso, os investimentos agora são fundamentais, mesmo que os retornos imediatos não sejam evidentes.