Chief Artificial Intelligence Officer da Exame
Publicado em 11 de abril de 2025 às 17h44.
Última atualização em 11 de abril de 2025 às 17h56.
Poucas vezes vi um lançamento de inteligência artificial causar um impacto tão imediato quanto esta nova versão do ChatGPT para geração de imagens. As ilustrações no estilo “Gibli” e aqueles bonecos encapsulados viralizaram na internet. Para além do hype, ficou claro para mim que estamos diante de algo muito além de um simples meme.
Para entender melhor as implicações, fiz um levantamento junto a diversos profissionais criativos e agências de publicidade. Entre conversas informais, demonstrações rápidas e apresentações internas, tive a oportunidade de falar com a Bruna Ferreira, Head de IA da DM9, uma das maiores agências do Brasil. O que ela me mostrou me deixou impressionado.
Antes, a OpenAI já possuía o DALL·E para gerar imagens, mas a integração dessa funcionalidade diretamente no ChatGPT resolveu vários problemas de usabilidade. Se antes era necessário escrever prompts complexos em inglês e utilizar ferramentas externas, agora basta descrever em português o que você quer — inclusive com menos rigor técnico — e a imagem aparece em segundos.
Bruna Ferreira me contou que, na DM9, o salto mais significativo está na rapidez de produção e na prototipagem de ideias. O ChatGPT não só reduz o tempo que os times levam para criar mockups e storyboards como também facilita revisões em tempo real. “Algo que levaria horas ou dias para ser esboçado pode estar pronto em uma tarde”, contou ela.
Apesar das inúmeras vantagens, não pude deixar de notar um sentimento de preocupação entre alguns profissionais. Ouvi vozes que temem a substituição de parte da mão de obra. E, de fato, a evolução da IA caminha rápido: se hoje é possível gerar imagens de alta qualidade, amanhã poderemos criar vídeos inteiros e animações complexas em um único prompt de texto.
Bruna Ferreira acredita que “há espaço para quem souber direcionar essa tecnologia de maneira criativa e estratégica”. O raciocínio faz sentido. Afinal, a IA aprende com tudo que já existe, mas não tem visão de futuro por conta própria. A curadoria humana, a sensibilidade artística e o pensamento conceitual continuam sendo diferenciais que as máquinas não conseguem replicar.
A velocidade das mudanças é tão grande que muitos profissionais podem não perceber o tamanho do impacto até ser tarde demais.
O lado otimista é que novidades como essa também criam novas funções, como a de “curador de prompts” ou “estrategista de IA”. O lado que preocupa é a desvalorização de trabalhos repetitivos e mecânicos. Designers e ilustradores que não estiverem dispostos a expandir suas habilidades podem, sim, ficar defasados.
Estamos entrando em uma fase em que ninguém poderá simplesmente “operar ferramentas”. Será preciso repensar todo o processo de criação, do brainstorming inicial às revisões finais — sem perder de vista o olho crítico do profissional humano experiente. É um futuro empolgante, mas que exige atenção. Muita gente ainda não se deu conta do que está por vir.
Gravei no YouTube uma entrevista com a Bruna demonstrando esses casos de uso: