(Eurobusiness/Divulgação)
Em 2021, pela primeira vez, o governo federal emitiu um alerta de “risco hídrico” no Brasil. Com o período de poucas chuvas até outubro, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, além do Paraná, a recomendação é tomar medidas para redução do consumo – tanto de água como de energia elétrica, já que a fonte principal da eletricidade no Brasil são as usinas hidrelétricas.
No estado do Paraná, aliás, 14 municípios estão sofrendo com o racionamento de água por causa da pouca chuva.
Ao mesmo tempo, é na capital paranaense que está localizado o primeiro edifício do mundo a obter a certificação LEED Zero Água. As certificações LEED Zero, emitidas pelo Green Building Council, atestam empreendimentos que cheguem a zero emissões nas categorias água, carbono, energia e resíduos.
A certificação atesta que o edifício Eurobusiness, em Curitiba, é autossuficiente em água. Com 14 andares, o empreendimento trata 100% de suas águas residuais (cinza e negra) no local por meio de um telhado verde associado a uma estação biológica para tratamento de efluentes e um poço artesiano fornecedor de água potável.
O código municipal de construção exige que as águas cinzas sejam tratadas e reutilizadas e que seja instalada uma bacia hidrográfica para reduzir as taxas de escoamento. Em um projeto convencional, esses sistemas seriam alojados no subsolo, ocupando o espaço de cerca de duas vagas de estacionamento.
Para reduzir os custos iniciais e liberar espaço para estacionamento, Guido Petinelli, da consultoria Petinelli, que trabalhou no projeto Eurobusiness, sugeriu o armazenamento da água da chuva no telhado. Dessa forma, uma piscina de água cobre toda a superfície do deck. Um sistema de piso elevado projetado para uso externo foi coberto com cascalho fino e plantado com macrófitas, plantas aquáticas que prosperam na água ou perto dela.
Essa zona úmida construída faz parte do sistema de tratamento, onde as águas residuais são redirecionadas para a descarga do vaso sanitário ou são infiltradas no local. Nenhum produto químico é usado no processo de tratamento e a água potável é fornecida por um poço artesiano.
Como a área disponível no telhado era limitada, também foi importante reduzir a quantidade de águas residuais geradas pelo edifício. Assim, equipamentos hidráulicos mais eficientes reduzem o consumo de água potável e, portanto, a quantidade de água residual.
Fontes alternativas de água também tiveram um papel importante, contribuindo para uma redução de 82% no uso de água potável. As fontes de água no local incluíram água da chuva captada, água de condensação (gerada nos sistemas de ar condicionado), e água cinza e negra.
Durante 12 meses medidos, 65% de toda a água utilizada foi recuperada. Um poço artesiano no local serve como a principal fonte de água potável do edifício, e o prédio usa apenas água potável tratada municipalmente como fonte alternativa. A maioria das águas pluviais também é infiltrada no local.
O projeto do Eurobusiness facilitou a aprovação da certificação, como explica Petinelli. “O prédio já tinha medidores instalados para fontes de água potáveis e alternativas. Quando se tratava de certificação, era fácil demonstrar o cumprimento dos requisitos do LEED Zero Água. Tudo o que era necessário eram os dados medidos para o período de um ano.”