(Sakorn Sukkasemsakorn/iStockphoto)
Faculdade EXAME
Publicado em 29 de agosto de 2024 às 20h24.
Há muito tempo ouve-se falar sobre o aquecimento global e as consequência do acúmulo excessivo de gases de efeito estufa na atmosfera. Com a queima de combustíveis fósseis a partir da industrialização, depositamos grandes quantidades de gases de efeito estufa na atmosfera. Agora, a conta está chegando.
Durante a COP28, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) mostrou que a temperatura da Terra foi 1,48 ºC acima do período pré-industrial, coroando o ano de 2023 como o mais quente em 100 mil anos.
Números como os apresentados reforçam a necessidade de iniciativas efetivas para diminuir a temperatura do planeta. De encontro com essa demanda e com o objetivo de alcançar um equilíbrio entre os gases de efeito estufa lançados na atmosfera e aqueles que são retirados, surgem movimentos como o Net Zero.
Continue a leitura desse artigo e entenda o que é Net Zero, como essa política funciona e como as empresas podem diminuir as emissões de gases de efeito estufa em sua cadeia de produção.
Net Zero Carbon Emissions, também conhecido apenas por Net Zero, em português, significa zero emissões líquidas de carbono (CO2). O conceito foca na redução ou eliminação da emissão de CO2 a fim de desacelerar o processo de aquecimento global e mudanças climáticas.
É importante ressaltar que embora pareçam iguais e, em determinados momentos, possam ser confundidos, Carbono Neutro e Net Zero são conceitos diferentes.
Carbono Neutro: é uma espécie de compensação que as empresas podem fazer. Por exemplo, uma organização gera uma tonelada de carbono em um ano por meio de suas atividades e cadeia de valor. Ela pode compensar essa emissão por meio de iniciativas que vão evitar a emissão de uma tonelada de carbono em outro local.
Net Zero: embora este conceito também englobe a compensação, ela só é vista como um recurso viável em último caso. Isso porque o Net Zero foca na redução da emissão de carbono de forma absoluta.
De acordo com um estudo global da Bain & Company, mais de 80% dos consumidores brasileiros estão seriamente preocupados com as mudanças climáticas. Essa preocupação vem acompanhada por um novo hábito: o consumo consciente.
Para ter ideia, 60% dos clientes estão dispostos a pagar mais caro por marcas comprometidas com ética e sustentabilidade, segundo uma pesquisa do Instituto Akatu.
Nesse cenário, as empresas já estão percebendo como o ESG pode facilitar o caminho para atrair investimentos, fidelizar clientes e reduzir custos de operação. E a diminuição das emissões de carbono na atmosfera representa uma das iniciativas ambientais da sigla que está ganhando cada vez mais relevância na sociedade e na economia.
O relatório ESG Radar 2023, da empresa de consultoria e serviços digitais Infosys (NYSE: INFY), mostra que 90% dos entrevistados afirmaram que as iniciativas de ESG apresentam retornos financeiros positivos nas organizações.
O documento ainda mostra que os investimentos em ESG nas organizações devem chegar a US$ 53 trilhões até o ano de 2025 — o que representa um terço dos ativos globais sob gestão.
As pautas ESG também estão no radar de consumidores e investidores. A 25ª edição da Pesquisa Anual Global com CEOs da PwC, revelou que as companhias brasileiras estão mais preocupadas com compromissos Net Zero que a média global.
Neste contexto, empresas que não acompanham essa nova demanda da sociedade correm o risco de manchar sua imagem e ainda perder seu espaço no mercado.
Mas afinal, o que fazer para se tornar Net Zero?
Quanto mais próximo de zero o nível de emissões líquidas de CO2, melhor. Para isso, elencamos algumas práticas que podem ser adotadas por empresas de todos os segmentos e tamanhos.
Realizar uma avaliação completa da pegada de carbono da empresa para identificar todas as fontes de emissão de carbono.
Implementar medidas para reduzir as emissões de carbono, como transição das fontes de energia elétrica para energia renovável, a otimização de processos, entre outros.
Investir em projetos de compensação de carbono, como reflorestamento, conservação florestal, energias renováveis ou captura e armazenamento de carbono, para compensar as emissões inevitáveis.
Implementar medidas para reduzir o consumo de energia, como a instalação de iluminação LED, atualização de equipamentos para modelos mais eficientes e otimização de sistemas de aquecimento e resfriamento.
Implementar práticas de gestão de resíduos que minimizem o desperdício e maximizem a reciclagem e compostagem.
Trabalhar com fornecedores para reduzir as emissões de carbono em toda a cadeia de suprimentos, incentivando práticas sustentáveis e escolhendo fornecedores que compartilhem o compromisso com a neutralidade de carbono.
Manter a transparência sobre os esforços de sustentabilidade da empresa e relatar regularmente o progresso em direção à neutralidade de carbono, incentivando a responsabilidade e aprimorando constantemente as iniciativas.