(Honeywell/Reprodução)
Professor da Faculdade Exame
Publicado em 22 de outubro de 2024 às 14h34.
Antes de abrir qualquer empresa, é importante passar por uma série de análises para determinar a viabilidade desse negócio, principalmente se sua área de atuação é emergente.
Vamos tomar a Eve Air Mobility como exemplo. Brasileira, a empresa está na vanguarda da revolução da mobilidade urbana: os eVTOLs. Essas aeronaves elétricas decolam e pousam verticalmente, abrindo uma nova possibilidade de transporte urbano, principalmente em grandes cidades.
Os eVTOLs são projetados para curtas distâncias e aplicações, atendendo demandas de táxis aéreos, emergências médicas e entregas de mercadorias, tudo em áreas densamente povoadas. A ideia é aliviar o congestionamento e, por ser elétrica, oferecer uma solução de mobilidade sustentável.
Apesar de ter uma expectativa de crescimento expressiva, com projeções mirando os US$ 40 bilhões até 2030, o mercado de eVTOLs ainda é embrionário e cheio de riscos para as empresas envolvidas. Mas, como identificar esses riscos?
Para empresas inseridas em um mercado emergente e disruptivo, como o de eVTOLs, a realização de um estudo de viabilidade financeira robusto é fundamental para garantir a sustentabilidade do negócio. Na verdade, isso vale para qualquer empresa em qualquer setor.
Ferramentas de análise estratégica ajudam a fornecer uma visão clara dos desafios e oportunidades que impactam diretamente na viabilidade econômica do seu projeto. Vamos seguir com o exemplo da Eve Air para facilitar a explicação e sempre associar o teórico a um exemplo prático.
A análise SWOT é uma ferramenta estratégica usada para identificar e entender as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças de uma organização, projeto ou situação.
As forças e fraquezas são fatores internos, que a organização pode controlar, como recursos, competências e limitações. Já as oportunidades e ameaças são fatores externos, relacionados ao ambiente no qual a organização está inserida, como tendências de mercado, concorrência e mudanças econômicas. A SWOT ajuda na formulação de estratégias ao explorar pontos fortes e minimizar fraquezas, aproveitando oportunidades e mitigando ameaças.
No caso da Eve Air, por exemplo, suas forças incluem um grande subsídio da Embraer, um financiamento de R$ 500 bilhões do BNDES, entre outras parcerias estratégicas. Por outro lado, a dependência de certificações e a necessidade de uma infraestrutura cara são fraquezas. Como oportunidade, temos o crescimento do mercado de mobilidade urbana; já as ameaças giram em torno de uma concorrência global acirrada.
A Análise PESTEL é uma ferramenta de gestão estratégica utilizada para identificar e avaliar fatores externos que podem influenciar uma organização. Ela analisa seis dimensões do ambiente macroeconômico:
1. Político: leis, regulamentações e estabilidade política que podem afetar a empresa.
2. Econômico: fatores econômicos como inflação, taxas de juros e crescimento econômico.
3. Social: aspectos demográficos, culturais e comportamentais que impactam o mercado, como a aceitação pública de um produto.
4. Tecnológico: avanços tecnológicos e inovações que podem criar oportunidades ou ameaças.
5. Ecológico: questões ambientais, como sustentabilidade e legislação ambiental.
6. Legal: normas e legislações que regulamentam a atuação das empresas.
Esses fatores ajudam a organização a entender o ambiente externo, identificar oportunidades e mitigar riscos em sua estratégia de negócios.
As 5 Forças de Porter são uma ferramenta de análise estratégica criada por Michael Porter para avaliar a atratividade e competitividade de um mercado. Elas ajudam a entender os fatores que influenciam a lucratividade de uma indústria. As cinco forças são:
1. Ameaça de novos entrantes: refere-se à facilidade ou dificuldade de novos competidores entrarem no mercado, o que pode impactar a competição e lucratividade.
2. Poder de barganha dos fornecedores: avalia a influência dos fornecedores sobre os preços e condições de fornecimento.
3. Poder de barganha dos clientes: refere-se à capacidade dos consumidores de pressionar por preços mais baixos ou melhores condições.
4. Ameaça de produtos substitutos: considera a possibilidade de produtos alternativos atenderem às mesmas necessidades dos clientes, reduzindo a demanda por produtos existentes.
5. Rivalidade entre os concorrentes: mede a intensidade da competição entre empresas que já operam no mercado, o que pode levar a preços mais baixos e margens menores.
Essas forças ajudam a identificar oportunidades e ameaças em um setor, auxiliando no desenvolvimento de estratégias competitivas. Em mercados inovadores e pouco explorados, as 5 Forças de Porter são a principal aliada do empreendedor, pois são de grande ajuda na hora de projetar retornos financeiros.
No caso do mercado de eVTOLs, a intensa rivalidade entre concorrentes e o poder dos fornecedores de componentes tecnológicos elevam os custos. As altas barreiras de entrada, como regulamentações e investimentos, mitigam a ameaça de novos entrantes, mas o poder de barganha dos clientes, como operadores de mobilidade urbana e governos, afeta a precificação e margens de lucro.
Além disso, a ameaça de substitutos, como drones autônomos e outras alternativas de transporte, impacta as projeções financeiras.
Os 4 Ps do marketing — Produto, Preço, Praça e Promoção — são fundamentais para a construção de uma proposta de valor sólida e para a avaliação da viabilidade financeira de um produto.
Esses elementos, quando bem integrados, ajudam a desenvolver uma proposta de valor clara, maximizando o sucesso no mercado e garantindo a viabilidade financeira do produto.
No caso da Eve, o produto inovador é posicionado como uma solução premium, o que se reflete no preço elevado. A praça, ou mercado-alvo, se concentra em grandes centros urbanos globais, enquanto a promoção da Eve está fortemente centrada na inovação e sustentabilidade, fatores que podem atrair financiamento e apoio governamental.