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Sem Chrome, o Google pode ruir? Pichai diz que plano do governo ameaça futuro da empresa

Sundar Pichai depõe contra medida que pode obrigar empresa a vender o navegador Chrome e compartilhar dados de busca com concorrentes

Sundar Pichai: CEO do Google (Mateusz Wlodarczyk/Getty Images)

Sundar Pichai: CEO do Google (Mateusz Wlodarczyk/Getty Images)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 30 de abril de 2025 às 13h55.

Última atualização em 30 de abril de 2025 às 14h11.

O CEO do Google, Sundar Pichai, afirmou nesta quarta-feira, 30, que a proposta do governo dos EUA para dividir a empresa pode inviabilizar investimentos em novas tecnologias. O executivo foi ouvido como segunda testemunha em audiência federal que discute quais medidas devem ser aplicadas após a empresa ser considerada culpada de manter um monopólio ilegal em buscas online.

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A audiência, conduzida pelo juiz Amit P. Mehta, da Corte Distrital de Columbia, busca definir os remédios antitruste — termo jurídico para sanções aplicadas a empresas que violam leis de concorrência. Em 2023, Mehta decidiu que o Google feriu a legislação ao firmar contratos com fabricantes de smartphones e navegadores para ser o mecanismo de busca padrão. Somente em 2021, a empresa pagou US$ 26,3 bilhões nesses acordos, segundo depoimentos anteriores.

Durante cerca de 90 minutos de testemunho, Pichai defendeu que ações como a exigência de venda do navegador Chrome ou o compartilhamento de dados de buscas prejudicariam diretamente a capacidade da companhia de inovar. “A combinação de todas as medidas, acredito, torna inviável investir em pesquisa e desenvolvimento da forma como fizemos nas últimas três décadas”, afirmou.

Além de considerar a venda do Chrome, o Departamento de Justiça propõe que o Google seja obrigado a fornecer a concorrentes acesso a dados sobre termos buscados e cliques em links — o que Pichai chamou de “divisão disfarçada” da propriedade intelectual da empresa. “Isso permitiria que qualquer um revertesse, de ponta a ponta, todos os aspectos da nossa pilha tecnológica”, disse.

Disputa pode redefinir regras para gigantes da tecnologia

A audiência representa o teste mais significativo até agora do esforço do governo americano em frear o poder concentrado das grandes empresas de tecnologia. Além do Google, outras gigantes enfrentam ações semelhantes, como a Meta, em disputa judicial com a Comissão Federal de Comércio por aquisições do Instagram e WhatsApp. Amazon e Apple também devem enfrentar julgamentos antitruste nos próximos anos.

A acusação central no caso do Google é que a empresa impediu a concorrência ao pagar para ser o buscador padrão em dispositivos e navegadores.

Para o governo, isso criou barreiras intransponíveis para rivais e manteve artificialmente a liderança da empresa em um mercado crucial para publicidade e controle da informação.

O Google, por sua vez, apresentou um plano alternativo mais brando: manter os pagamentos, mas abrir a possibilidade de renegociação anual de contratos e permitir que fabricantes tenham maior liberdade para escolher quais aplicativos da empresa instalar. Questionado pelo juiz Mehta sobre como concorrentes poderiam competir com esse modelo, Pichai respondeu: “Difícil pensar em exceções para ‘o melhor produto vence’”.

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