Sundar Pichai: CEO do Google (Mateusz Wlodarczyk/Getty Images)
Repórter
Publicado em 30 de abril de 2025 às 13h55.
Última atualização em 30 de abril de 2025 às 14h11.
O CEO do Google, Sundar Pichai, afirmou nesta quarta-feira, 30, que a proposta do governo dos EUA para dividir a empresa pode inviabilizar investimentos em novas tecnologias. O executivo foi ouvido como segunda testemunha em audiência federal que discute quais medidas devem ser aplicadas após a empresa ser considerada culpada de manter um monopólio ilegal em buscas online.
'Estamos na 4ª guerra dos navegadores de internet', afirma Krystian Kolondra, VP da norueguesa OperaA audiência, conduzida pelo juiz Amit P. Mehta, da Corte Distrital de Columbia, busca definir os remédios antitruste — termo jurídico para sanções aplicadas a empresas que violam leis de concorrência. Em 2023, Mehta decidiu que o Google feriu a legislação ao firmar contratos com fabricantes de smartphones e navegadores para ser o mecanismo de busca padrão. Somente em 2021, a empresa pagou US$ 26,3 bilhões nesses acordos, segundo depoimentos anteriores.
Durante cerca de 90 minutos de testemunho, Pichai defendeu que ações como a exigência de venda do navegador Chrome ou o compartilhamento de dados de buscas prejudicariam diretamente a capacidade da companhia de inovar. “A combinação de todas as medidas, acredito, torna inviável investir em pesquisa e desenvolvimento da forma como fizemos nas últimas três décadas”, afirmou.
Além de considerar a venda do Chrome, o Departamento de Justiça propõe que o Google seja obrigado a fornecer a concorrentes acesso a dados sobre termos buscados e cliques em links — o que Pichai chamou de “divisão disfarçada” da propriedade intelectual da empresa. “Isso permitiria que qualquer um revertesse, de ponta a ponta, todos os aspectos da nossa pilha tecnológica”, disse.
A audiência representa o teste mais significativo até agora do esforço do governo americano em frear o poder concentrado das grandes empresas de tecnologia. Além do Google, outras gigantes enfrentam ações semelhantes, como a Meta, em disputa judicial com a Comissão Federal de Comércio por aquisições do Instagram e WhatsApp. Amazon e Apple também devem enfrentar julgamentos antitruste nos próximos anos.
A acusação central no caso do Google é que a empresa impediu a concorrência ao pagar para ser o buscador padrão em dispositivos e navegadores.
Para o governo, isso criou barreiras intransponíveis para rivais e manteve artificialmente a liderança da empresa em um mercado crucial para publicidade e controle da informação.
O Google, por sua vez, apresentou um plano alternativo mais brando: manter os pagamentos, mas abrir a possibilidade de renegociação anual de contratos e permitir que fabricantes tenham maior liberdade para escolher quais aplicativos da empresa instalar. Questionado pelo juiz Mehta sobre como concorrentes poderiam competir com esse modelo, Pichai respondeu: “Difícil pensar em exceções para ‘o melhor produto vence’”.