Agência de Notícias
Publicado em 2 de junho de 2025 às 17h50.
Última atualização em 2 de junho de 2025 às 18h10.
A Rússia exige da Ucrânia, para a resolução definitiva do conflito, o reconhecimento da anexação russa da península da Crimeia e de outras quatro de suas regiões, além da renúncia ao ingresso em blocos militares como a Otan, segundo consta no memorando divulgado nesta segunda-feira pela imprensa russa.
A delegação russa também exigiu que Kiev estabeleça limites para o número de tropas em suas Forças Armadas durante as negociações realizadas hoje em Istambul.
Na parte do memorando intitulada "Principais parâmetros para a solução definitiva", a Rússia insistiu no reconhecimento "internacional e legal" da soberania russa sobre a península da Crimeia e as quatro regiões de Donetsk, Luhansk, Zaporizhia e Kherson, anexadas em 2022.
Além disso, enfatizou que a Ucrânia deve permanecer neutra e não serão permitidas "atividades militares estrangeiras, bases ou infraestrutura militar" de terceiros países.
Além disso, Kiev deve confirmar seu status como um país não nuclear ou detentor de outros tipos de armas de destruição em massa, com a proibição direta do fornecimento, trânsito ou implantação de tais armas em território ucraniano.
O Exército ucraniano deve ser limitado em número e armamento, enquanto todas as formações militares nacionalistas devem ser dissolvidas.
A Ucrânia deve garantir "os direitos, liberdades e interesses da população russa e russófona do país; a língua russa deve ser reconhecida como língua oficial".
O memorando também afirma que "a glorificação e a propaganda do nazismo e do neonazismo devem ser proibidas, e partidos e organizações nacionalistas devem ser dissolvidos".
Entre as medidas propostas estão o "levantamento de todas as sanções econômicas, proibições e medidas restritivas existentes entre Rússia e Ucrânia, e a não aplicação de novas".
Além disso, a Ucrânia deve resolver "um conjunto de problemas relacionados à reunificação de famílias e pessoas deslocadas" devido ao conflito e rejeitar quaisquer reivindicações mútuas de reparação por danos causados pela guerra.
A Rússia também exigiu "o levantamento das restrições" contra a canônica Igreja Ortodoxa Ucraniana, vinculada ao Patriarcado de Moscou, que as autoridades ucranianas tentaram substituir pela autocéfala Igreja Ortodoxa da Ucrânia.
Finalmente, a solução final do conflito envolveria "o restabelecimento gradual das relações diplomáticas e econômicas (incluindo o trânsito de gás), transporte e comunicações, inclusive com terceiros países".
De acordo com o negociador-chefe russo, Vladimir Medinsky, ao final das negociações em Istambul, o memorando entregue hoje aos representantes ucranianos consiste em duas partes: a proposta de um acordo final e as medidas para um possível cessar-fogo total.
Durante a reunião de hoje, que terminou sem progressos significativos, as partes concordaram em trocar todos os prisioneiros de guerra com menos de 25 anos e todos os prisioneiros gravemente feridos ou doentes.