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Quer um vinho para chamar de seu? A EBV produz para você

A companhia gaúcha é especializada em espumantes e desenvolveu para eles um barril similar ao de chope, voltado para bares

Rótulos produzidos pela Empresa Brasileira de Vinificações, a EBV (Divulgação/Divulgação)

Rótulos produzidos pela Empresa Brasileira de Vinificações, a EBV (Divulgação/Divulgação)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 15 de junho de 2020 às 16h02.

A ideia de criar a Empresa Brasileira de Vinificações, a EBV, surgiu na década de 2010, quando o enólogo uruguaio Alejandro Cardozo e o administrador de empresas gaúcho Julio Slovinsky trabalhavam juntos em uma vinícola de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha. Além de produzir os próprios vinhos, ela fazia vinificações para terceiros. Vinificação é todo o processo que envolve a transformação da uva nos mais diversos tipos de vinho.

“É comum as vinícolas maiores alugarem seus equipamentos e prestarem serviços de enologia para produtores menores que não têm todos os equipamentos necessários, para importadoras e restaurantes que querem uma marca própria ou até para pessoas físicas interessadas em fazer o próprio vinho”, conta Cardozo, que, como enólogo, lidava diretamente com esses clientes. “A demanda por esse tipo de serviço é grande. Nos chamou a atenção o fato de não existir uma empresa dedicada exclusivamente a isso, que não tivesse uma marca própria de vinho para competir com os clientes”. Cardozo e Slovinsky decidiram, então, montar uma e, assim, surgiu a EBV.

A empresa foi fundada em meados de 2016 e começou a operar em janeiro de 2017. Houve um investimento inicial de R$ 2 milhões. Foi instalada em um galpão de 3 mil metros quadrados, que precisou ser adaptado para o uso de uma vinícola, com a instalação, por exemplo, de tubulação de CO2, usado para gaseificar artificialmente alguns tipos de vinhos e bebidas derivadas.

Os sócios compraram todos os equipamentos necessários para a produção de vinhos: desengaçadeiras (máquinas que separam o bago do cacho), prensas, tanques de maceração e de fermentação com temperatura controlada, autoclaves (tanques para produção de espumante), barris de carvalho, engarrafadoras e, mais recentemente, enlatadoras.

Parte do espaço do galpão foi reservada para os equipamentos dos clientes. Autoclaves, por exemplo, que são os artigos mais caros, são quatro próprias, de 10 mil litros (R$ 110 mil), e seis de 6 mil litros, de terceiros. A empresa atualmente tem 20 funcionários e cerca de 60 clientes de todo o Brasil, sendo 40 fixos e em torno de 20 flutuantes. Oferece diferentes modelos de prestação de serviço.

Para alguns clientes, a EBV presta consultoria desde a plantação da uva até a rotulagem da garrafa, realizando toda a vinificação. Para outros, só vinifica. Para outros ainda, vende vinhos já prontos com bandeira branca. É um atendimento customizado. O cliente pode, por exemplo, escolher só o blend. Ou pode mandar o seu enólogo para trabalhar nas instalações da EBV. Pode produzir 300 garrafas ou um milhão. Segundo Cardozo, a garrafa mais barata sai por R$ 25, o que não inclui o valor do rótulo.

A especialidade da casa são os espumantes de método charmat (a segunda fermentação, ou tomação de gás, é feita nas autoclaves). Eles respondem por cerca de 80% do total da produção. Espumantes do método clássico (segunda fermentação na garrafa) respondem por cerca de 5%, a mesma porcentagem de brancos e rosés (a produção de tintos é ínfima).

Cardozo, que também é sócio da vinícola gaúcha Estrelas do Brasil e do projeto do espumante uruguaio Paa! e presta consultoria para várias vinícolas em toda a América do Sul, é considerado um dos enólogos que mais entendem de espumantes por aqui.

Uma das marcas da empresa, que em 2019 faturou R$ 2 milhões, é a inovação. Desenvolveu, por exemplo, um sistema para servir espumantes em torneiras de chope. O espumante é envasado em um barril de chope, onde o gás é mantido. Esse barril pode ser acoplado a qualquer torneira de bar.

“Os produtores de vinho ficam reclamando da concorrência das cervejarias artesanais”, diz Cardozo. “Em vez disso, decidimos surfar na onda deles. Num grupo que vai à cervejaria, sempre tem alguém que prefere vinho. Então, os bares de cerveja estão gostando da ideia de ter uma torneira de espumante. Em 2019, vendemos 2 mil barris de 20 litros para clientes revenderem para esses bares e para eventos.”

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