Guerra na Ucrânia: sistema de defesa aéreo Patriot durante exercício militar na Polônia ( JANEK SKARZYNSKI/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 15 de julho de 2025 às 15h10.
Sistemas de defesa aérea Patriot, mísseis e munições estão entre as armas de fabricação americana que aliados da Otan, a aliança militar do Ocidente, comprarão como parte de um acordo mediado com o presidente americano, Donald Trump, para ajudar a Ucrânia a se defender de ataques russos. Autoridades ucranianas vêm classificando os sistemas de defesa aérea — em especial os Patriot — como o armamento mais crucial no momento.
Ao todo, a Ucrânia tem cerca de oito sistemas Patriot, embora dois estejam fora de operação enquanto passam por manutenção. A maior parte está posicionada em torno da capital, Kiev, deixando outras cidades mais vulneráveis a ataques. Apesar de o país contar com outros sistemas de defesa aérea, apenas os Patriot têm conseguido interceptar mísseis balísticos russos, capazes de atingir alvos a centenas de quilômetros de distância em minutos.
Segundo autoridades ouvidas pelo New York Times, quase todo o armamento que será direcionado à Ucrânia está disponível para envio imediato, o que significa que ele provém de estoques militares já existentes ou acabou de ser produzido.
— Caso os sistemas Patriot sejam enviados à Ucrânia imediatamente, como Trump indicou, eles terão um impacto mais decisivo no campo de batalha — disse Torrey Taussig, especialista em Otan e ex-funcionária do Pentágono, hoje no Atlantic Council.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que estava trabalhando em “acordos de defesa importantes” com o governo americano, mas que “ainda não é hora de divulgar os detalhes”. Trump, por sua vez, apresentou o novo acordo como vantajoso para os Estados Unidos — e, embora tenha falado pouco sobre sua implementação, definiu na segunda-feira a questão como “muito importante”:
— Temos países muito ricos comprando os melhores equipamentos do mundo, e nós temos os melhores equipamentos do mundo. Fabricamos equipamentos como ninguém — declarou o republicano ao lado do secretário-geral da Otan, Mark Rutte, no Salão Oval.
Rutte afirmou que pelo menos oito países da Otan estão prontos para pagar pelos armamentos e elogiou Trump por ajudar a Ucrânia a obter “o que precisa ter para manter a capacidade de se defender contra a Rússia”. De acordo com a ONU, mais ucranianos foram mortos em junho do que em qualquer outro mês desde o início da guerra, em 2022. Tropas russas seguem avançando no leste da Ucrânia.
Tanto Trump quanto Rutte afirmaram que a Ucrânia receberá novos sistemas de defesa aérea Patriot, de fabricação americana, como parte do novo pacote. A Alemanha se ofereceu para comprar dois sistemas, e a Noruega, um terceiro. Os EUA detêm a maior quantidade de baterias Patriot no mundo — mais de 60 das cerca de 180 existentes, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, de Londres.
Ainda não está claro, porém, quais países fornecerão seus sistemas. Trump não se comprometeu a vender os Patriots dos próprios EUA para a Ucrânia, e é possível que parte das armas venha de governos fora da aliança de 32 países da Otan. Esses países receberiam prioridade para comprar equipamentos americanos de reposição — algo que já vem acontecendo ao longo da guerra.
Um país não identificado estaria prestes a vender 17 sistemas Patriot, segundo Trump, porque “não vai mais precisar deles”. Isso pode ser uma referência aos 17 lançadores Patriot que a fabricante americana Raytheon concordou em vender à Suíça em 2020, junto a outras peças. Os lançadores são apenas um dos componentes da bateria Patriot, que inclui radar, centro de comando e controle, e mísseis interceptadores.
Nem Rutte nem Trump detalharam quais outros tipos de mísseis e munições poderão ser vendidos aos aliados para posterior envio à Ucrânia. O pacote pode incluir armamentos já fornecidos anteriormente, como o sistema tático de mísseis balísticos de curto alcance conhecido como ATACMS, que permite ataques mais profundos em território russo.
Também podem ser incluídas armas que Kiev já solicitou, mas nunca recebeu dos EUA — como os mísseis de cruzeiro JASSM, de maior alcance que os ATACMS e capazes de serem lançados por caças F-16, que países europeus já enviaram à Ucrânia.
Em geral, cada bateria Patriot custa cerca de US$ 1 bilhão, dependendo do modelo, e os mísseis interceptadores saem por cerca de US$ 3,7 milhões cada. Os JASSMs são vendidos a US$ 1,5 milhão por unidade. Já os ATACMS custam pelo menos US$ 1 milhão por míssil. Trump disse que serão “bilhões de dólares em equipamentos militares que serão comprados dos EUA, repassados à Otan, e rapidamente distribuídos”.
Apesar disso, autoridades militares americanas vêm manifestando preocupação há tempos com o risco de esvaziamento dos estoques dos EUA por causa da guerra na Ucrânia, o que poderia comprometer a segurança de tropas e interesses do país em outras regiões. Na segunda-feira, Rutte afirmou que qualquer armamento retirado dos estoques do Pentágono não comprometerá o que é “necessário para se defender”.
— [O acordo] vai permitir que a Ucrânia tenha acesso a quantidades realmente massivas de equipamentos militares — destacou.