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O crescimento das joias e a valorização das bolsas de luxo: a nova dinâmica do mercado

Ainda que as joias tenham um valor mais alto, o aumento do preço ao longo dos anos foi mais moderado em comparação às bolsas

Pandora: peças de ouro reciclável e diamantes de laboratório (Pandora/Divulgação)

Pandora: peças de ouro reciclável e diamantes de laboratório (Pandora/Divulgação)

Júlia Storch
Júlia Storch

Repórter de Casual

Publicado em 27 de junho de 2025 às 14h36.

Última atualização em 27 de junho de 2025 às 15h01.

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Ainda que o valor de uma bolsa Birkin aumente assim que a peça sai da loja, o investimento em bolsas não está mais tão valioso quanto o mercado de joias. Desde 2019, o preço de bolsas de luxo quase dobrou, o que traz a questão se o valor das peças vale realmente o preço mais alto, visto que algumas marcas usam matérias-primas menos valiosas como materiais sintéticos. Mas, ainda que as joias tenham um valor mais alto, o aumento do preço ao longo dos anos foi mais moderado em comparação às bolsas.

Há pelo menos 15 anos, as marcas de luxo aumentaram os preços de seus principais produtos muito mais rápido do que as marcas de joias, de acordo com dados da UBS ao Business of Fashion.

O resultado trouxe a percepção de que o valor das joias, que antes possuíam um preço muito acima de artigos de couro, se tornou equiparável a essas peças. Um contraste que ajudou as joias a superar a moda e as bolsas.

Um anel ou pulseira de entrada da Tiffany&Co pode custar entre R$ 4,85 mil e R$ 5,05 mil. Já uma joia da Pandora com diamantes de laboratório pode custar a partir de R$ 1,5 mil. Enquanto isso, uma bolsa da Louis Vuitton, uma das marcas de luxo mais conhecidas do mundo não sai por menos de R$ 11,4 mil.

A Louis Vuitton, pertencente ao conglomerado de luxo francês LVMH, passou a grande parte de sua produção da França para os Estados Unidos. A fábrica, localizada no Texas, enfrentou problemas como a falta de trabalhadores qualificados em couro capazes de produzir com os padrões de qualidade da marca, segundo a Reuters.

Segundo a agência de notícias, erros de produção levaram ao desperdício de até 40% das peles de couro. Em comparação com outras marcas, a taxa de desperdício de produtos de couro fica em torno dos 20%. Tais desperdícios influenciam no valor final dos produtos, os encarecendo.

Mesmo com erros de costura, os itens são vendidos por cerca de US$ 1,5 mil a US$ 3 mil.

No entanto, os produtos da concorrente Hermès são tratados de outra forma.

O fato de os compradores mais fiéis da Hermès não poderem escolher o modelo exato da Birkin que desejam, gerou mais desejo pela bolsa. Para contornar isso, os entusiastas desembolsam dezenas de milhares de dólares no mercado de revenda.

Graças à sua exclusividade e ao seu status de peça de investimento, o valor de uma bolsa Birkin é muito maior do que seu preço de etiqueta, de cerca de US$ 12 mil.

"O valor de revenda das bolsas Birkin e Kelly nos últimos dez anos ultrapassou o do ouro", disse James Firestein, fundador da plataforma de revenda e autenticação de luxo OpenLuxury, à Fortune.

"Conheço vários casos em que as pessoas dobraram seu dinheiro com base na compra de um produto há dez anos e o revenderam hoje em condições impecáveis", disse ele.

Para alguns compradores, uma bolsa Birkin não é um acessório de alta qualidade, mas um investimento que vale a pena. Dos proprietários de Birkin com quem ele trabalhou, Firestein estima que 75% realmente usam as bolsas, enquanto os 25% restantes guardam o item como investimento.

"É semelhante a comprar um Piccaso e guardá-lo em sua casa, porque você pode olhar para ele, pode apreciá-lo", disse Firestein.

Birkin e Kelly: os dois modelos icônicos da Hermès — que continuam mais atuais do que nunca (Corbis/Getty Images)

Das compras por vingança para heranças familiares

Os aumentos nos preços dos artigos de moda e couro aconteceram durante e após a pandemia. Com as “compras por vingança” de bolsas, roupas, relógios e joias por consumidores de luxo trancafiados em casa.

Para recuperar as vendas, as marcas ou aumentavam seus preços a curto prazo, ou a longo prazo. Muitas optaram pela primeira opção, com aumentos de até 10%, como a Louis Vuitton, segundo o BoF.

Por outro lado, as joalherias seguiram pelo aumento de preços a longo prazo, em torno de 3%.

A escolha foi positiva para alguns grupos, como a Richemont, detentora da Cartier, Van Cleef & Arpels, que cresceram em 11% no último trimestre. "O apelo continua claro e não foi manchado pelos aumentos de preços agressivos pós-pandemia implementados por outras marcas de luxo," disse o analista da Bernstein, Luca Solca ao site.

Um dos apelos das marcas é transmitir o valor de herança às joias, com as peças atravessando gerações, de mãe e filha, para atingir jovens clientes desde cedo e, mantê-los para a vida toda. Ainda que as bolsas tenham um grande apelo na moda, como dizia Marilyn Monroe, “os diamantes são os melhores amigos de uma garota”.

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