Agência de notícias
Publicado em 5 de agosto de 2025 às 18h26.
Última atualização em 5 de agosto de 2025 às 18h34.
Israel deve "derrotar totalmente" o Hamas em Gaza para garantir a libertação dos reféns, afirmou nesta terça-feira, 5, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que realizou uma reunião de segurança antes de se pronunciar sobre a próxima fase da guerra no território palestino.
"É necessário derrotar totalmente o inimigo em Gaza, libertar todos os nossos reféns e garantir que Gaza não constitua mais uma ameaça para Israel", declarou Netanyahu durante uma visita a uma base militar.
À tarde, ele se reuniu por quase 3 horas com o chefe do Estado-Maior do Exército, que "lhe apresentou as opções para a continuação das operações em Gaza", segundo os serviços do primeiro-ministro.
De acordo com a imprensa israelense, que citou autoridades sob condição de anonimato, "Netanyahu quer que o Exército israelense conquiste toda a Faixa de Gaza", informou a rádio pública Kan.
Vários membros do gabinete confirmaram que o primeiro-ministro "decidiu estender os combates para as zonas onde os reféns podem estar detidos", segundo a emissora.
Assim como outros veículos, o jornal Maariv destacou que essa decisão significaria que o Exército "começará a combater em zonas" das quais vinha se abstendo nos últimos meses "por temor de colocar os reféns em risco, inclusive nos campos de refugiados do centro da Faixa de Gaza".
Os meios de comunicação especulam sobre uma possível oposição do chefe do Estado-Maior, o tenente-general Eyal Zamir.
No entanto, o gabinete do primeiro-ministro assegurou que o Exército "aplicará qualquer decisão" tomada pelo gabinete de segurança, que deve se reunir no final desta semana.
Também nesta terça-feira, a ONU deve realizar uma sessão dedicada à questão dos reféns, a pedido de Israel, que quer que este expediente esteja "no centro da agenda mundial".
Em guerra contra o Hamas desde o ataque do movimento islamista palestino em seu território, em 7 de outubro de 2023, o governo israelense enfrenta uma pressão crescente para encontrar uma solução para o conflito.
Netanyahu sofre uma pressão dupla: em Israel pela situação dos 49 reféns capturados em 7 de outubro que continuam em cativeiro, dos quais 27 teriam morrido, segundo o Exército; e no restante do mundo pelo sofrimento dos mais de 2 milhões de palestinos que vivem na Faixa de Gaza, devastada e ameaçada pela "fome generalizada", segundo a ONU.
A África do Sul, uma das principais vozes críticas às ações israelenses em Gaza, pediu que mais países pressionem Israel para que cesse suas "atividades genocidas" no território palestino.
"A bola está no campo do ocupante [Israel] e dos americanos", comentou um líder político do Hamas, Hosam Badran, afirmando a vontade do movimento de "parar com a guerra e acabar com a fome".
"Os mediadores continuam em contato conosco, mas até agora não há novas propostas, ideias, nem avanços em relação à retomada das negociações", acrescentou em declarações à AFP, assegurando que seu movimento está "disposto a retomar os diálogos de onde foram interrompidos", após fracassarem em julho.
No terreno, a Defesa Civil aumentou para 68 o balanço de mortos nesta terça-feira em bombardeios e ataques israelenses. Destes, 56 morreram enquanto esperavam perto de um centro de distribuição de ajuda.
"Não há lugar seguro em Gaza, todos estamos expostos à morte", declarou Adham Mohammad Younes, um palestino de cerca de 30 anos.
Na manhã desta terça-feira, o Cogat, órgão do Ministério da Defesa que supervisiona os assuntos civis nos territórios palestinos, voltou a autorizar a entrada parcial de mercadorias privadas no território, de forma "controlada e progressiva".
"O objetivo é aumentar o volume de ajuda que entra na Faixa de Gaza e, ao mesmo tempo, reduzir a dependência da assistência por parte da ONU e das organizações internacionais", afirmou o Cogat.
O objetivo continua sendo "adotar todas as medidas possíveis para impedir o envolvimento do Hamas no fornecimento e distribuição da ajuda", acrescentou.
Israel impôs um bloqueio total a Gaza no dia 2 de março e suspendeu a medida parcialmente em maio, autorizando apenas a entrada de quantidades muito limitadas, consideradas insuficientes pela ONU.
Segundo o Cogat, mais de 300 caminhões de ajuda entraram em Gaza na segunda-feira. A ONU estima que pelo menos o dobro seja necessário.
O ataque de 7 de outubro de 2023 causou a morte, em Israel, de 1.219 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP com base em dados oficiais.
Em Gaza, a ofensiva de resposta de Israel matou mais de 61 mil pessoas, também em sua maioria civis, segundo os números do Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas desde 2007. A ONU considera estes dados confiáveis.