Economia

'Guerra tarifária vai começar na hora que eu der a resposta ao Trump', diz Lula sobre embate com EUA

Em Santiago, no Chile, presidente brasileiro afirmou que se Donald Trump quiser, sua relação com o presidente americano será a "melhor possível"

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 21 de julho de 2025 às 20h45.

Tudo sobreEstados Unidos (EUA)
Saiba mais

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a guerra tarifária entre Brasil e Estados Unidos vai começar no momento em que o governo brasileiro der a resposta a sobretaxa de 50% sobre importações de produtos brasileiros aos EUA imposta por Donald Trump a partir de 1º de agosto. Lula disse que as condições de negociação colocadas pelo presidente americano não foram adequadas.

— Nós não estamos numa guerra tarifária. Guerra tarifária vai começar na hora que eu der a resposta ao Trump. Se não mudar de opinião, porque as condições que o Trump impôs não foram condições adequadas. Ninguém pode ameaçar um partido com uma decisão judicial. Quem sou eu para tomar a decisão diante da Suprema Corte? O cidadão que ele defende está sendo julgado por um crime que ele cometeu, que está nos autos do processo, dito por eles próprios, não é por mim — disse Lula a jornalistas em Santiago, no Chile, pouco antes de embarcar de volta para Brasília nesta segunda-feira.

Na carta publicada nas redes sociais em que anunciou o tarifaço, há duas semanas, Donald Trump justificou a medida como uma retaliação ao Brasil ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal no inquérito que investiga a trama golpista. Desde então, Donald Trump tem escalado a tensão com governo brasileiro.

Além do tarifaço, na semana passada, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA abriu uma investigação sobre o Brasil devido a supostas práticas comerciais desleais, incluindo o Pix. O objetivo é averiguar se elas estão restringindo de forma injusta as exportações americanas ao Brasil.

Na última sexta-feira, Trump determinou a revogação de visto de entrada dos Estados Unidos dos ministros do Supremo Tribunal Federal. A sanção foi aplicada ao ministro Alexandre de Moraes, familiares, e a outros colegas da Corte: Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flavio Dino, Cármen Lúcia, Edson Fachin e Gilmar Mendes.

O governo avalia usar a Lei da Reciprocidade, aprovada pelo Congresso, tão logo o tarifaço entre em vigor. A lei permite a adoção de sanções equivalentes às impostas por outros países. Em paralelo, como mostrou O GLOBO, o "plano de contingência" contra o tarifaço de Donald Trump poderá incluir a criação de linhas emergenciais de crédito por parte do governo.

Lula também afirmou os empresários brasileiros precisam conversar "com seus contrapartes nos Estados Unidos" e disse que americanos e brasileiros serão tratados da mesma forma no Brasil:

— No Brasil vamos fazer respeitar as leis para as empresas brasileiras e para as empresas americanas. Não tem essa de um poder ser punido outro não. Todos ser tratados de igualdade de condições.

Lula ainda destacou a forte relação diplomática entre Brasil e Estados Unidos e afirmou que ninguém pode dizer que ele é radical, uma vez que teve relação com ex-presidentes americanos. Lula citou Bill Clinton, George W. Bush, Barack Obama e Joe Biden e disse que se Trump quiser, sua relação com o presidente americano será a "melhor possível":

— Se ele quiser, a nossa relação será a melhor possível. Acontece que dois chefes de Estado precisam conversar para levar em conta os interesses do seu país. Eu não acho ruim que o Trump esteja defendendo os interesses dos Estados Unidos. Agora o que ele tem que levar em conta é que eu tenho que defender os interesses do Brasil.

Acompanhe tudo sobre:Luiz Inácio Lula da SilvaTarifasDonald TrumpEstados Unidos (EUA)

Mais de Economia

Governo do Goiás cria linha de crédito para empresas afetadas por tarifaço de Trump

Retaliação do Brasil ao tarifaço de Trump é automática? Entenda como é o processo

Governo deve anunciar redução do contingenciamento orçamentário nesta terça

Tarifa de Trump já ameaça R$ 890 mi em carne e mais de 2 mil contêineres de produtos brasileiros