Em janeiro Alexis Tsipras venceu as eleições, mas renunciou meses depois (Yannis Behrakis/Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de setembro de 2015 às 10h34.
Atenas - Apesar de a Grécia enfrentar há seis anos sua pior crise financeira desde a Segunda Guerra, os partidos que disputam votos na eleição parlamentar deste domingo não discutem a austeridade nem prometem buscar o perdão da dívida, criar empregos públicos ou conceder isenções fiscais.
Os líderes nas pesquisas, o esquerdista Syriza e o Nova Democracia, de centro-direita, estão resignados a aceitar, em diferentes graus, medidas como alta de impostos e outras reformas exigidas pelos credores internacionais do país.
O professor assistente Dimitri A. Sotiropoulos, que leciona Ciência Política na Universidade de Atenas, nota que o vencedor terá muito pouca margem de manobra. O terceiro pacote de ajuda foi apoiado por uma maioria folgada no Parlamento grego, com isso "não há nada em jogo nessas eleições", na avaliação dele.
Em janeiro, o líder do Syriza, Alexis Tsipras, venceu com uma plataforma contrária às medidas de austeridade. Meses depois, porém, passou a ver essas medidas como inevitáveis para o país não naufragar.
Com isso, obteve um acordo de 86 bilhões de euros (US$ 97 bilhões) com os credores, que exigiram, porém, contrapartidas como corte de gastos e aumento em impostos. Isso gerou uma revolta na coalizão governista, fazendo Tsipras perder sua maioria parlamentar. Diante da situação, ele renunciou e provocou a convocação de eleições antecipadas, que acontecem neste domingo.
Pesquisas indicam empate técnico entre o Syriza, ainda liderado por Tsipras, e o Nova Democracia, que tem garantido mais apoio sob seu líder interino, Vangelis Meimarakis. Nenhum dos dois lados, porém, mostra força suficiente para conseguir governar sem uma coalizão. Os partidos menores que devem receber mais apoio defendem as medidas de austeridade, por isso seguir essas medidas deve ser natural para o próximo governo.
A Grécia teve quatro eleições parlamentares e seis governos desde 2009. Muito provavelmente, o próximo governo será uma coalizão de três partidos, sendo dois deles siglas menores de centro, favoráveis à União Europeia. Um risco é que o partido Aurora Dourada, de extrema-direita, consiga votos suficientes para ter representação no Parlamento.
No próximo mês, o país já precisará passar por uma avaliação dos progressos nas reformas em andamento. A Grécia precisa concluir nos próximos dois meses o rascunho do orçamento de 2016 e também elaborar uma estratégia fiscal para os três anos seguintes.
Até o fim do ano, deverá ainda monitorar um programa de recapitalização dos bancos. Analistas consideram difícil que tudo isso seja obtido, o que pode levar o país de volta à mesa de negociação com os credores. A economista-chefe da Manulife Asset Management, Megan Greene, afirmou que as novas negociações podem levar ainda a Grécia a deixar a zona do euro.
As pesquisas indicam que muitos dos 9,9 milhões de eleitores ainda estão indecisos ou podem nem votar.