Fundo de 750 bilhões de euros deve ajudar a sustentar classificações em um momento de aumento da dívida dos países, diz S&P (Yves Herman/File Photo/Reuters)
Fabiane Stefano
Publicado em 27 de abril de 2021 às 10h52.
O fundo de recuperação da União Europeia (UE) para minimizar os impactos da covid-19, de 750 bilhões de euros, deve impulsionar o crescimento do bloco entre 1,5% e 4,1% em cinco anos e apoiar as classificações de crédito de alguns de seus Estados mais endividados, disse a S&P Global nesta terça-feira, 27.
As capitais europeias estão trabalhando para finalizar nesta semana o plano projetado para reparar os danos econômicos causados pelo coronavírus e retomar o crescimento de forma maior e mais sustentável.
"Vemos o plano a nível da UE como um suporte à qualidade de crédito dos soberanos europeus, embora a capacidade dos governos nacionais de implementar reformas estruturais dependa da correção dos desequilíbrios econômicos que pioraram por causa da pandemia", disseram economistas da S&P e analistas de classificações soberanas em relatório.
Eles disseram que suas estimativas de crescimento de 1,5% e 4,1% estão relacionadas, respectivamente, a cenários de baixo e alto impacto.
Com a rejeição da contestação legal dos eurocéticos alemães, as autoridades da UE esperam que as ratificações sejam concluídas até junho, permitindo os primeiros pagamentos ainda em julho.
Os governos que têm planos aprovados podem obter antecipadamente 13% de sua parte do dinheiro do fundo de recuperação. O restante virá em parcelas conforme os marcos acordados sejam alcançados.
A S&P disse que seu cenário de alto impacto presume que 91% do dinheiro disponibilizado será usado.
Nos planos normais de financiamento da UE, a burocracia do bloco indica que, em média, apenas 51% do dinheiro disponível é absorvido. Se esse padrão for seguido, o crescimento acumulado seria de 1,5% do PIB em 2026, "com fortes diferenças entre os países", disse a S&P.
No geral, o fundo deve ajudar a sustentar as classificações em um momento de aumento da dívida, porque "os soberanos da UE têm alavancas financeiras significativas que podem ser utilizadas com flexibilidade substancial em comparação com os fundos estruturais tradicionais da UE".