Economia

Federal Reserve aumenta os juros pela terceira vez nos EUA

A decisão já era esperada pelo mercado. Foi a terceira alta em uma década.

Janet Yellen, presidente do Federal Reserve, chega para coletiva de imprensa (Andrew Harrer/Bloomberg)

Janet Yellen, presidente do Federal Reserve, chega para coletiva de imprensa (Andrew Harrer/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 15 de março de 2017 às 15h07.

Última atualização em 15 de março de 2017 às 17h24.

São Paulo - O Federal Reserve anunciou hoje uma alta de 0,25 ponto percentual nos juros dos Estados Unidos, levando a taxa base para a faixa entre 0,75% e 1%.

A decisão já era esperada pelo mercado mas não foi unânime: Neel Kashkari, do Fed de Minneapolis, votou contra.

Foi a terceira alta em uma década; as primeiras foram em dezembro de 2015 e dezembro de 2016.

É mais um passo na "normalização" das taxas após um período anômalo historicamente de 7 anos de política monetária frouxa, estabelecida como reação à crise financeira de 2008.

O Fed prevê mais duas altas ainda em 2017, o que já havia sido sinalizado em comunicados anteriores.

A decisão foi justificada pelo desemprego baixo, números positivos de atividade econômica e uma taxa de inflação que lentamente converge para a meta de 2%.

Efeito no Brasil

Após o anúncio do banco central norte-americano, o Ibovespa chegou a saltar 436 pontos e foi para a casa do 65 mil pontos.

Na medida em que os Estados Unidos aumentam os juros, se tornam um destino mais rentável para recursos, que por isso tendem a sair dos emergentes.

Mas o diferencial entre as taxas cobradas no Brasil e nos EUA segue muito alto, já que a Selic está atualmente em 12,25% ao ano.

A saída de dólares do país também tende a enfraquecer o real, mas isso não aconteceu hoje porque o movimento já era esperado e estava precificado e o Fed não sinalizou endurecimento futuro.

Histórico

Até pouco tempo atrás, o mercado achava que uma alta em junho era a aposta mais segura, mas a comunicação do Fed começou a indicar que ela poderia vir mais cedo.

No dia 3 de março, a presidente Janet Yellen disse que um aumento “provavelmente seria adequado” na reunião deste mês.

Uma pesquisa realizada pela Bloomberg com 45 economistas nos dias 7 e 8 de março teve como resultado uma mediana de estimativas de três aumentos de um quarto de ponto em 2017, projetados para março, junho e dezembro.

A hipótese se fortaleceu após a divulgação, no último dia 10, de dados fortes do mercado de trabalho americano.

Foram criadas 235 mil vagas em fevereiro, acima de uma expectativa de 188 mil, e a taxa de desemprego caiu um décimo de ponto percentual para 4,7%, nível considerado como pleno emprego.

Leia a íntegra da decisão em inglês:

"Information received since the Federal Open Market Committee met in February indicates that the labor market has continued to strengthen and that economic activity has continued to expand at a moderate pace. Job gains remained solid and the unemployment rate was little changed in recent months. Household spending has continued to rise moderately while business fixed investment appears to have firmed somewhat. Inflation has increased in recent quarters, moving close to the Committee's 2 percent longer-run objective; excluding energy and food prices, inflation was little changed and continued to run somewhat below 2 percent. Market-based measures of inflation compensation remain low; survey-based measures of longer-term inflation expectations are little changed, on balance.

Consistent with its statutory mandate, the Committee seeks to foster maximum employment and price stability. The Committee expects that, with gradual adjustments in the stance of monetary policy, economic activity will expand at a moderate pace, labor market conditions will strengthen somewhat further, and inflation will stabilize around 2 percent over the medium term. Near-term risks to the economic outlook appear roughly balanced. The Committee continues to closely monitor inflation indicators and global economic and financial developments.

In view of realized and expected labor market conditions and inflation, the Committee decided to raise the target range for the federal funds rate to 3/4 to 1 percent. The stance of monetary policy remains accommodative, thereby supporting some further strengthening in labor market conditions and a sustained return to 2 percent inflation.

In determining the timing and size of future adjustments to the target range for the federal funds rate, the Committee will assess realized and expected economic conditions relative to its objectives of maximum employment and 2 percent inflation. This assessment will take into account a wide range of information, including measures of labor market conditions, indicators of inflation pressures and inflation expectations, and readings on financial and international developments. The Committee will carefully monitor actual and expected inflation developments relative to its symmetric inflation goal. The Committee expects that economic conditions will evolve in a manner that will warrant gradual increases in the federal funds rate; the federal funds rate is likely to remain, for some time, below levels that are expected to prevail in the longer run. However, the actual path of the federal funds rate will depend on the economic outlook as informed by incoming data.

The Committee is maintaining its existing policy of reinvesting principal payments from its holdings of agency debt and agency mortgage-backed securities in agency mortgage-backed securities and of rolling over maturing Treasury securities at auction, and it anticipates doing so until normalization of the level of the federal funds rate is well under way. This policy, by keeping the Committee's holdings of longer-term securities at sizable levels, should help maintain accommodative financial conditions.

Voting for the FOMC monetary policy action were: Janet L. Yellen, Chair; William C. Dudley, Vice Chairman; Lael Brainard; Charles L. Evans; Stanley Fischer; Patrick Harker; Robert S. Kaplan; Jerome H. Powell; and Daniel K. Tarullo. Voting against the action was Neel Kashkari, who preferred at this meeting to maintain the existing target range for the federal funds rate."

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