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EUA investigam se startup chinesa DeepSeek burlou restrições para comprar chips da Nvidia

Investigação busca determinar se empresa adquiriu semicondutores avançados por meio de intermediários em Singapura

Publicado em 31 de janeiro de 2025 às 06h30.

Os Estados Unidos estão investigando se a startup chinesa DeepSeek, especializada em inteligência artificial, conseguiu adquirir semicondutores avançados da Nvidia por meio de intermediários em Singapura, contornando as restrições de exportação impostas pelo governo norte-americano. A informação foi divulgada pela Bloomberg.

O caso ganhou notoriedade após o lançamento do DeepSeek R1, um chatbot que rivaliza com ferramentas desenvolvidas por empresas americanas. A performance avançada do modelo gerou questionamentos entre especialistas, que passaram a especular se a empresa chinesa utilizou tecnologia ocidental para sua construção.

Pressão sobre as restrições de exportação

A Casa Branca e o FBI buscam entender se a DeepSeek usou empresas intermediárias em Singapura para comprar chips da Nvidia que foram proibidos de serem vendidos à China.

A Nvidia já havia desenvolvido uma versão menos avançada de seus semicondutores para o mercado chinês, o H800, após a administração Biden cortar o acesso a chips mais potentes. Entretanto, esse modelo também foi alvo de sanções em outubro de 2023, levando a empresa americana a projetar um novo chip, o H20, que pode ser a próxima peça a entrar na mira das restrições norte-americanas.

O Departamento de Comércio dos EUA está analisando se é necessário endurecer ainda mais as barreiras à exportação. Howard Lutnick, indicado pelo ex-presidente Donald Trump para comandar a pasta, criticou publicamente a DeepSeek durante uma audiência no Senado:

"Eles compraram toneladas dos chips da Nvidia e encontraram formas de contornar as restrições. Isso precisa acabar. Se quiserem competir conosco, que o façam de forma justa, sem usar nossas ferramentas contra nós."

Singapura sob escrutínio

A preocupação dos EUA também se estende ao papel de Singapura como um possível ponto de transbordo para chips destinados à China.

Segundo a Bloomberg, cerca de 20% da receita da Nvidia vem de Singapura, mas a empresa afirma que as remessas para o país são insignificantes. Um porta-voz da companhia destacou ao site que muitos clientes utilizam entidades comerciais singapurianas para realizar negócios internacionais, sem isso significar redirecionamento para a China.

No Congresso norte-americano, John Moolenaar e Raja Krishnamoorthi, parlamentares que integram um comitê focado em questões relacionadas à China, pediram ao governo Biden uma fiscalização mais rigorosa das exportações para Singapura.

"Países como Singapura devem estar sujeitos a exigências de licenciamento rigorosas, a menos que demonstrem disposição para reprimir embarques destinados à China", afirmaram os legisladores em carta enviada ao conselheiro de segurança nacional, Mike Waltz.

A investigação se insere em um contexto mais amplo de tensões entre os EUA e a China no setor de semicondutores. As restrições impostas por Washington têm o objetivo de impedir que Pequim desenvolva capacidades militares avançadas usando chips de última geração. No entanto, o avanço da DeepSeek sugere que a China pode estar superando algumas dessas barreiras.

DeepSeek mantém silêncio sobre acusações

Até o momento, a DeepSeek não se pronunciou sobre as investigações. A Nvidia, por sua vez, reiterou que exige compliance rigoroso de seus parceiros e que tomará as medidas cabíveis caso identifique violações.

A empresa já havia se manifestado anteriormente sobre a startup chinesa, elogiando seu avanço tecnológico e negando qualquer irregularidade relacionada ao uso de sua tecnologia.

A Casa Branca e o FBI continuam apurando o caso, e especialistas apontam que o resultado da investigação pode definir novas diretrizes para o controle de exportações de semicondutores.

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