Ciência

DNA revela o que realmente aniquilou o exército de Napoleão na batalha contra a Rússia

Os pesquisadores sugerem que as mortes dos soldados podem ter sido causadas por uma combinação de exaustão, frio e várias doenças

Exército do francês tinha 600 mil pessoas na guerra contra a Rússia (AFP/AFP)

Exército do francês tinha 600 mil pessoas na guerra contra a Rússia (AFP/AFP)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 4 de agosto de 2025 às 20h16.

Em 1812, durante a retirada da Rússia, o exército de Napoleão, composto por cerca de 600 mil soldados, sofreu um duro golpe. Aproximadamente metade da tropa foi dizimada pela combinação de doenças, fome e condições climáticas extremas. Agora, uma análise genética de ponta revelou os patógenos que podem ter contribuído para essa catástrofe histórica. As informações são da NewScientist.

Entre outubro e dezembro de 1812, enquanto o exército francês recuava em direção à fronteira polonesa, mais de 300 mil soldados franceses morreram, principalmente devido a doenças, fome e o frio intenso. Relatos históricos de sobreviventes indicavam que doenças como o tifo e a febre das trincheiras seriam as principais causas de morte. Esses relatos foram corroborados por testes genéticos realizados quase duas décadas atrás.

Entretanto, uma nova pesquisa liderada por Nicolás Rascovan, do Instituto Pasteur de Paris, desafiou essas conclusões. A equipe analisou DNA extraído dos dentes de 13 soldados enterrados em Vilnius, na Lituânia, onde muitos soldados morreram durante a retirada.

Ao contrário do esperado, os pesquisadores não encontraram evidências de tifo ou febre das trincheiras. Em vez disso, confirmaram a presença de Salmonella enterica, causadora da febre paratifoide, e Borrelia recurrentis, transmitida por piolhos e responsável pela febre recorrente.

Diferenças entre métodos

A diferença entre os métodos utilizados nas pesquisas anteriores e o novo estudo está na abordagem. Enquanto os testes anteriores dependiam de técnicas que amplificavam sequências de DNA já suspeitas, os cientistas de Paris usaram uma análise mais avançada, capaz de detectar qualquer material genético de patógenos presentes na amostra, oferecendo uma visão mais ampla e detalhada.

Os pesquisadores sugerem que as mortes dos soldados podem ter sido causadas por uma combinação de exaustão, frio e várias doenças, incluindo febre paratifoide e febre recorrente transmitida por piolhos. “Esses fatores debilitantes podem ter contribuído para o colapso de uma tropa já exausta”, afirmaram Rascovan e seus colegas no relatório.

Apesar de não ser necessariamente fatal, a febre recorrente transmitida por piolhos pode enfraquecer ainda mais um indivíduo já debilitado, indicam os especialistas. A pesquisadora Sally Wasef, da Queensland University of Technology, na Austrália, aponta que os sintomas registrados nos relatos históricos podem corresponder a várias doenças infecciosas além das identificadas no estudo recente.

“Os resultados apresentados são mais sugestivos do que conclusivos”, afirma Wasef, ressaltando que a quantidade de DNA microbiano recuperado foi relativamente baixa. Ela defende que mais soldados que morreram em 1812 devem ser estudados para confirmar quais doenças estavam presentes, como também sugerido pelos próprios autores do estudo.

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