Repórter
Publicado em 27 de novembro de 2025 às 21h09.
Os deputados franceses rejeitaram, de forma unânime, nesta quinta-feira, o tratado entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, ao apoiar uma moção não vinculante apresentada pelo partido La France Insoumise (LFI).
A moção instou o governo a buscar uma minoria de bloqueio contra o pacto e a recorrer ao Tribunal Europeu de Justiça.
Não é a primeira vez que os deputados franceses demonstram sua oposição ao acordo, que foi assinado no final de 2024 após anos de negociação. O tratado tem sido amplamente criticado pelos agricultores e pecuaristas franceses, que temem uma concorrência desleal que poderá ameaçar suas atividades.
Antes da sua adoção, o governo do então primeiro-ministro François Bayrou também havia impulsionado uma votação nas duas câmaras do parlamento, na qual se manifestou uma oposição majoritária ao tratado UE-Mercosul.
A moção agora adotada pelos deputados franceses é significativa, pois ocorre a poucas semanas de o pacto ser submetido à votação entre os países-membros da União Europeia. Durante o debate, o ministro de Assuntos Europeus, Benjamin Haddad, reiterou a posição oficial do Executivo francês, que considera o acordo "inaceitável" em sua forma atual.
O governo francês trabalha com a Comissão Europeia para reforçar as chamadas "cláusulas de salvaguarda", que visam evitar uma concorrência excessiva dos produtos do Mercosul sobre os produtores europeus. No entanto, Haddad reconheceu que, por enquanto, os avanços não são suficientes e que as negociações continuarão em Bruxelas.
Atualmente, a França não parece ter apoio suficiente para bloquear o acordo, que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deseja adotar antes do final do ano, quando a presidência do Mercosul passará do Brasil para o Paraguai, que é menos favorável ao pacto comercial entre os dois blocos.
Embora a França tenha o apoio de países como Irlanda, Áustria, Polônia e Hungria, isso não é suficiente para impedir o avanço do acordo, que tem o apoio principalmente da Alemanha e da Espanha. O tratado ganha cada vez mais apoio, especialmente devido à guerra tarifária com os Estados Unidos, que incentiva a busca por novos mercados de exportação.
O foco agora está nas "cláusulas de salvaguarda", que, uma vez aprovadas pelos europeus, precisam ser validadas pelos membros do Mercosul e pelo Parlamento Europeu. A Eurocâmara também tentou, sem sucesso, que a Justiça europeia se manifestasse sobre a adequação do acordo às normas europeias.
Em meio a esse cenário, o presidente francês, Emmanuel Macron, enfrenta um desafio complexo em relação a um acordo que gera grande rejeição em seu país, tanto na classe política quanto na sociedade.
(Com informações da agência EFE)