Redação Exame
Publicado em 9 de novembro de 2025 às 16h21.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou neste domingo, 9, as "manobras retóricas" usadas para "justificar intervenções ilegais na América Latina", durante o discurso que proferiu na IV Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE).
"A ameaça do uso da força militar voltou a fazer parte do cotidiano na América Latina e no Caribe. Velhas manobras retóricas são recicladas para justificar intervenções ilegais", afirmou Lula em seu pronunciamento na cidade de Santa Marta, na Colômbia.Embora não tenha mencionado diretamente o presidente americano Donald Trump, Lula fez uma clara referência à sua oposição à mobilização militar dos Estados Unidos em áreas próximas às águas venezuelanas e aos ataques a embarcações no Caribe e no Pacífico.
"Somos uma região de paz e queremos permanecer em paz. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional", destacou.O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, já havia informado na quarta-feira que Lula participaria da IV Cúpula Celac-UE em "solidariedade regional com a Venezuela".
O próprio presidente declarou na terça-feira que a cúpula só teria sentido se o fórum fosse usado para discutir a presença militar americana nas águas do Caribe.
Lula afirmou então que conversou sobre o tema em uma reunião recente com Trump, a quem disse que a América Latina deve ser mantida como uma região de paz.
Durante seu discurso em Santa Marta, Lula também afirmou que a democracia enfraquece quando o crime corrompe as instituições, destrói os espaços públicos e afeta famílias e empresas.
"A segurança é um dever do Estado e um direito humano fundamental. Não existe solução mágica para acabar com a criminalidade. É necessário reprimir o crime organizado e seus líderes; estrangular seu financiamento e rastrear e eliminar o tráfico de armas", declarou.
Segundo o presidente, o alcance internacional do crime testa a capacidade de cooperação entre os países.
Lula acrescentou que nenhum país pode enfrentar esse desafio sozinho e que são necessárias ações coordenadas, troca de informações e operações conjuntas.
Ele afirmou ainda que, por essa razão, o Brasil renovou o Comando Tripartite da Tríplice Fronteira, usado em parceria com Argentina e Paraguai para combater o crime, e criou o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, em Manaus, que coordena ações de nove países da região.