A prisão de Bolsonaro ocorreu após ele descumprir, na visão de Moraes, medida cautelar que o impedia de usar redes sociais (Mateus Bonomi / AFP)
Repórter
Publicado em 4 de agosto de 2025 às 22h30.
Última atualização em 4 de agosto de 2025 às 22h49.
A ordem de prisão domiciliar contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, dada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, foi recebida com "surpresa" pela defesa do ex-mandatário.
Em nota, os advogados de Bolsonaro escreveram:
A defesa foi surpreendida com a decretação de prisão domiciliar, tendo em vista que o ex-presidente Jair Bolsonaro não descumpriu qualquer medida
A defesa do ex-presidente ainda disse que "cabe lembrar que na última decisão constou expressamente que “em momento algum Jair Messias Bolsonaro foi proibido de conceder entrevistas ou proferir discursos em eventos públicos”. Ele seguiu rigorosamente essa determinação.
Os advogados Celso Vilardi, Paulo Amador da Cunha Bueno e Daniel Tesser disseram ainda que "a frase 'Boa tarde, Copacabana. Boa tarde meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos' não pode ser compreendida como descumprimento de medida cautelar, nem como ato criminoso".
A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ocorreu após ele descumprir, pela segunda vez, a medida cautelar que o impedia de utilizar as redes sociais, segundo decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes publicada nesta segunda-feira, 4.
O magistrado afirmou que o ex-presidente utilizou as redes sociais de aliados, incluindo seus três filhos parlamentares, para divulgar mensagens com "claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao Supremo Tribunal Federal e apoio ostensivo à intervenção estrangeira no Poder Judiciário brasileiro".
Para Moraes, mesmo sem utilizar diretamente seus perfis, o ex-presidente contornou de maneira intencional a restrição que lhe havia sido imposta para a "manutenção da prática de atividades criminosas, com a instrumentalização de entrevistas ou discursos públicos como “material pré-fabricado” para posteriores postagens nas redes sociais de terceiros previamente coordenados".
No último domingo, apoiadores do ex-presidente realizaram manifestações em algumas capitais brasileiras. Bolsonaro participou por vídeo do evento do Rio de Janeiro e teve vídeo publicado nas redes sociais de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, assistindo os manifestantes.
Na primeira operação contra Bolsonaro, em 18 de julho, o ministro proibiu a utilização de redes sociais de forma direta ou indiretamente. Além de determinar a prisão de Bolsonaro, Moraes determinou uma busca e apreensão na casa do ex-presidente. A Polícia Federal apreendeu o celular do ex-presidente.
Bolsonaro também está proibido de receber visitas e utilizar celular.