Inteligência Artificial

Com IA, empreendedor fatura sozinho US$ 3,5 milhões por ano

Desenvolvedor holandês afirma faturar US$ 3,5 milhões por ano com software feito por ele e por IA, mantendo margens superiores a 90%

Miguel Fernandes
Miguel Fernandes

Chief Artificial Intelligence Officer da Exame

Publicado em 2 de junho de 2025 às 10h00.

O desenvolvedor holandês Pieter Levels afirma faturar cerca de US$ 3,5 milhões por ano com um portfólio de produtos digitais que opera sozinho, sem estrutura fixa de funcionários. Mantendo apenas despesas com servidores e algumas assinaturas de API, ele sustenta margens de lucro superiores a 90%.

Conhecido no meio tecnológico como indie hacker, Levels lançou mais de 70 projetos desde 2012. A maioria não prosperou, mas quatro deles alcançaram tração suficiente para sustentar a receita atual. Sua estratégia aposta em ciclos curtos de experimentação: testar ideias, aprender rapidamente com as falhas e iterar até encontrar um formato que gere valor.

Em 2022, ele passou a incorporar inteligência artificial generativa ao processo de criação. Um dos primeiros testes foi o site This House Does Not Exist, que gera imagens de casas fictícias. Depois vieram plataformas como PhotoAI.com, que produz retratos realistas a partir de fotos dos usuários, e InteriorAI.com, que oferece sugestões de design de interiores. Há ainda o simulador de voo Fly.pieter.com, desenvolvido em grande parte com código sugerido por ferramentas como ChatGPT e Claude.

A lógica de Levels é tratar a IA como “força de trabalho”. Ele estima que entre 80% e 95% do código de seus aplicativos seja escrito com auxílio de modelos de linguagem; os mesmos sistemas ainda atendem clientes, moderam conteúdo e processam reembolsos. Assim, ele consegue manter a operação enxuta e dedicar mais tempo à criação de novos produtos.

O caso ilustra como a IA pode multiplicar a produtividade individual e reduzir barreiras de entrada no setor de tecnologia. Em vez de buscar capital externo e montar equipes grandes — caminho comum em startups tradicionais —, Levels mostra que é possível crescer de forma sustentável com recursos próprios, automação intensiva e foco em nichos específicos.

A trajetória também chama atenção de instituições de ensino e profissionais que buscam se capacitar para este cenário em rápida evolução. Cursos de pós-graduação em IA relatam exemplos de alunos que aplicam modelos generativos em negócios próprios ou em projetos nas empresas em que atuam, replicando, em menor escala, resultados semelhantes aos de Levels.

Mesmo sem receita pronta, a experiência do desenvolvedor holandês sugere que a combinação de experimentação constante, automação por IA e visão de mercado pode levar a resultados relevantes — mesmo quando tudo começa apenas com um laptop e uma boa ideia.

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