Pequim disse que vai registrar uma queixa na OMC contra os EUA (Leandro Fonseca/Exame)
Agência de Notícias
Publicado em 2 de fevereiro de 2025 às 17h04.
A China afirmou neste domingo que a crise do fentanil é "uma questão dos Estados Unidos" e que Pequim "apoiou seus esforços para abordá-la", enfatizando que as tarifas impostas por Washington "prejudicarão a futura cooperação no controle de drogas".
O Ministério das Relações Exteriores chinês disse em um comunicado hoje que a China se tornou em 2019 "o primeiro país" a incluir oficialmente o fentanil e seus precursores sob um regime regulatório e que, desde então, ambos os países têm "cooperado extensivamente nesta questão, alcançando resultados notáveis e reconhecidos".
"Os Estados Unidos devem abordar sua crise de fentanil de forma objetiva e racional, em vez de usar tarifas para pressionar outras nações. Essas tarifas não são construtivas e prejudicarão a futura cooperação no controle de drogas", declarou o comunicado, que se segue a um semelhante publicado hoje mais cedo pelo Ministério do Comércio.
Assim como o Ministério do Comércio, a porta-voz das Relações Exteriores expressou sua oposição às tarifas de 10% sobre produtos chineses e prometeu tomar "todas as medidas necessárias para salvaguardar seus direitos e interesses legítimos".
"O aumento unilateral de tarifas por parte dos Estados Unidos viola seriamente as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). Não resolverá seus próprios problemas nem beneficiará nenhuma das partes ou o mundo", ressaltou a pasta de Exteriores chinesa.
O Ministério do Comércio anunciou anteriormente que a China tomará "contramedidas correspondentes" e registrará uma queixa na OMC sobre as "práticas ilegais" dos EUA.
"A China pede que os Estados Unidos corrijam suas práticas errôneas, cheguem a um acordo com a China, enfrentem os problemas diretamente e se envolvam em um diálogo franco", sugeriu o comunicado do Ministério do Comércio chinês.
O documento também pede que Washington "fortaleça a cooperação e administre as diferenças com base na igualdade, no benefício mútuo e no respeito".
Em janeiro, o porta-voz de Comércio chinês, He Yadong, declarou que "as tarifas prejudicarão tanto a China quanto os EUA, bem como a economia global", enquanto especialistas no país asiático dizem que só causarão aumento de custos para empresas e consumidores americanos, ao mesmo tempo em que alterarão o funcionamento das cadeias de fornecimento globais.
Trump cumpriu no sábado suas ameaças comerciais, impondo tarifas de 25% sobre produtos procedentes de seus vizinhos imediatos, Canadá e México, bem como uma tarifa de 10% sobre produtos da China.
Em todos os casos, o argumento apresentado foi o envolvimento de uma forma ou de outra dos três países no tráfico de fentanil e outras drogas para os Estados Unidos, “onde põem em perigo o tecido social”